terça-feira, 5 de junho de 2012

Ma liberté de danser - Cap. 7 - Liberdade


Por Lalitha

AVISO IMPORTANTE:

Então, gente, antes de entrarmos no material relativo ao quinto capítulo do livro da Dina, quero ressaltar que apenas as partes em itálico e entre aspas são trechos traduzidos do livro (as traduções são minhas e às vezes contem alguma adaptação para facilitar o entendimento do trecho fora do texto completo), e deixo claro que não traduzi o livro inteiro, apenas algumas passagens que julguei importantes ou bonitas. Todo o resto do material é uma compilação de informações contidas no livro e de pesquisa própria minha feita na internet ou na minha biblioteca particular.

O material aqui exposto está todo dividido por capítulo (um capítulo por post, sempre) e cada capítulo está dividido em tópicos para tornar a apresentação mais dinâmica. Adotei essa divisão por pura comodidade e para tornar o material mais didático, o livro não está dividido dessa forma.


7 - Liberdade

          Rita

Mulheres usando o Niqab

Apesar de tudo, Dina acredita na liberdade. Quando sua irmã Rita decidiu passar a usar o niqab e isso veio a público, foi um choque para a imprensa. Ninguém podia entender como uma bailarina poderia ter uma irmã que usasse o niqab. Não fazia sentido.

Mas Dina respeita a decisão da sua irmã, que foi tomada depois de refletir muito. Rita passou a usar o niqab pouco depois de acompanhar o sofrimento da Dina durante a doença seguida da morte de Sameh.

"Claro, é verdade que não posso dizer que essa decisão me deixou feliz. Não consigo entender porque uma mulher pode decidir colocar um véu entre ela e a sociedade. Uma do lado da outra, ela com o seu véu negro e eu com minhas roupas curtas e coloridas, invocamos a imagem do yin e do yang, aquelas que são opostas em tudo.
Se a minha liberdade é de dançar, a da minha irmã é de usar o niqab. Ela diria o mesmo de mim."

          A liberdade da mulher

Dina acredita que a vida é muito curta para não ser livre. Mas, infelizmente, no Egito não se sabe mais o que significa a palavra liberdade.

"Porque, aqui, quando se diz "liberdade", alguns entendem "lassidão", "libertinagem", como se se tratasse de agir como uma mulher da vida. Eles não entenderam nada. A liberdade, certamente não é o direito de fazer qualquer coisa, pelo contrário, é a responsabilidade. Ser livre é o que nos permite escolher e assumir nossas escolhas, quer elas sejam boas ou ruins, sem jamais culpar os outros. Se eu não sou livre, como posso ser fiel às minhas promessas?"

Mas hoje no Egito ninguém é livre. Os jornais são censurados, as pessoas não dizem o que pensam abertamente. E as coisas não mudaram muito com relação a isso mesmo depois da Revolução. Para se ter uma idéia, até mesmo quando tentaram reeditar “As Mil e Uma Noites”, um clássico da literatura árabe (com passagens pré-islâmicas, é verdade), houve confusão e isso tem sido muito comum com escritores tanto no Egito quanto em outros países árabes. O nobel egípcio de literatura, Naguib Mahfouz, por exemplo, sofreu um atentado nos anos 90. (vejam um post que fiz sobre uma das obras dele aqui)

"Eu creio na liberdade do homem, e creio na liberdade da mulher. Mas não me sinto feminista por isso. Todo o mundo tem direito ao respeito."

Dina conta que, antigamente, o lugar da mulher na sociedade egípcia era mais claro e respeitado. As mulheres não usavam véu e eram bem vistas mesmo assim. Mas com os problemas econômicos, a pauperização da população, e a explosão demográfica ocorrida nas últimas décadas, os egípcios foram ficando cada vez menos educados, e, portanto, mais manipuláveis pelos extremistas e radicais islâmicos.

Com isso, o preconceito só aumenta. E é por ser diferente que Dina é atacada.



Aguardem o próximo capítulo! 

Capítulos anteriores:





2 comentários:

  1. Bom demais isto flor.
    Muito bom acompanhar seu trabalho e conhecer mais sobre esta mulher magnífica.

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    1. Obrigada Ana Paula :-)
      A Dina é uma mulher que me surpreendeu, sabe? Eu, que só a conhecia dos vídeos e por causa disso tinha uma visão muito limitada de quem ela realmente é e representa na sociedade egípcia, fiquei apaixonada pelo seu livro! Para quem puder, recomendo muitíssimo!
      Beijos!

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