quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sua ideia = RaqsART (resposta do Hossam Ramzy)

Por Yuki RaqsART

tradução de Lalitha

Artigo original aqui.



RaqsART é um lugar para bailarinas de dança do ventre compartilharem e criar informações com outras bailarinas ao redor do mundo sobre eventos, performances, bailarinas/os; praticamente tudo relacionado à dança do ventre. Nosso objetivo é criar a comunidade mais interativa e abrangente sobre dança do ventre, para juntar os fãs do mundo inteiro.

Uma bailarina da Comunidade RaqsART do Facebook fez uma pergunta sobre o artigo com a entrevista do Hossam Ramzy. E eu imediatamente fiz a pergunta ao Sr.Ramzy, e ele me deu a resposta abaixo.



Onde os snujs se encaixam no seu método de ensino? Se a bailarina é uma representação em 3D da música e só responde à música, certamente ela não deve fazer música... só querendo saber.

Basicamente, sim, a bailarina deve traduzir a música e deve ser o instrumento final que traduz a música para o seu público. Os snujs são um apoio, um acréscimo, uma atração para prender a atenção do público... mas não é a dança. É um instrumento para fazer o público olhar para a bailarina, mas não aquilo que o mantém interessado... é a tradução da música que mantém o público ali para você... não o barulho.



terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ma liberté de danser

Por Lalitha


Quem conhece meus outros blogs (é só ver aí do lado rsrsrsrs) sabe que sou viciada em livros. Viciada em níveis quase doentios. Mas de vez em quando esse vício rende frutos excepcionais, e um exemplo disso é o livro da bailarina egípcia Dina, que foi lançado esse ano na França.

Você leu certo, a musa inspiradora de muitas bailarinas no mundo inteiro lançou um livro! Auto biográfico! Com ajuda de uma repórter francesa, claro, também não é para tanto.

Fiquei namorando o bendito livro por um mês na Amazon francesa, até chegar a conclusão que não dava para não comprar, e aí arranjei uma bela desculpa para comprar 20 livros (divididos entre a Amazon americana e francesa, veja bem), desses a maioria fala sobre a dança do ventre ou sobre o mundo árabe... mundo civilizado é outra coisa!

Pois bem, o livro da Dina é MUITO LEGAL! Além de ser escrito na primeira pessoa, com ela contando para você como foi a vida dela até hoje, inclui impressões de primeira mão sobre como a relação do povo egípcio com a dança do ventre foi mudando nos últimos 20, 30 anos. Em outras palavras, ainda por cima é uma bela aula de história e de cultura! Podia pedir mais?

Então, como o livro por enquanto só está disponível em francês (mais fresquinho do que isso impossível!!!!), vou dar uma ideia do que vocês podem encontrar na história da Dina, mas sem spoiler, porque acho sacanagem. Ela passa por todos os momentos marcantes da sua própria vida, o que é bem interessante, afinal todas querem saber como foi que ela começou a dançar, não é? Onde ela aprendeu, com quem, se teve problemas com a família por conta da sua escolha... está tudo lá! De quebra ela descreve como é o seu dia a dia de diva no Egito! Uma ralação só... fiquei impressionada. Passa pelo nascimento do filho dela (a descrição do parto é ótima! Melhor propaganda da dança do ventre que já li), pelos casamentos mais importantes (inclusive a morte de um marido) e pelo escândalo em que ela foi envolvida e que aqui no Brasil quase ninguém ouviu falar.

De lambuja, ela comenta e explica porque nos vídeos antigos você vê todas as mulheres assistindo aos shows de dança do ventre descobertas, usando decote e cabelos da moda (da época, pelo amor de deus, o que é aquilo!), mas nos vídeos mais contemporâneos você conta nos dedos (isso quando você encontra) as mulheres que não estão usando véu. Pura aula de história e antropologia!

Mas nem tudo é perfeito... nem o livro da Dina. Primeira coisa que você nota é o subtítulo "la dernière danseuse d'Egypte" (a última bailarina do Egito), que é no mínimo um escândalo quando você tem a Randa dançando pelo mundo inteiro e com show fixo no Nile Maxime (se não me engano... posso estar errada, mas essa foi a última informação que tive). Mas é a Dina, né? É DIVA. Mas ela não fala da Randa em momento algum do livro... só de bailarinas mais antigas. Tudo bem, não conheço mais nenhuma bailarina egípcia em atividade hoje que não seja Dina ou Randa, seria compreensível que as duas disputassem uma com a outra, né? O que nem sei se é o caso, mas suspeito por razões óbvias.

Outra falha, se você procura a versão das egípcias para a origem da dança do ventre, ou sobre os movimentos e técnicas egípcios, ainda não é aqui que você vai encontrar :-( achei uma pena. Podiam ter aproveitado, né?

Outra coisa que faz falta: FOTOS. Só tem a da capa snif snif snif...

Mas ainda é leitura obrigatória! Recomendadíssimo!

domingo, 4 de setembro de 2011

Hossan Ramzy - entrevista na RaqsART

Por Yuki RaqsART

tradução de Lalitha

Artigo original aqui.




1. O que você diria sobre aprender os ritmos como bailarina? E como um músico/derbakista?


Isso é exatamente o que eu ensino na nossa Drumzy School of Music & Dance no Reino Unido e ao redor do mundo. Esse assunto é muito importante para mim, e eu sinto que é esse o motivo da nossa adorada dança estar estagnada e dos artistas do nosso meio estejam precisando se utilizar de toda forma de desvios que resultam no desrespeito pela bailarina e pela própria dança. Os exemplos são muitos e eu não preciso explicá-los aqui.

De qualquer forma, a resposta é: como bailarina, você começa por escutar e identificar os ritmos da música. A bailarina deveria ser ensinada a bater os ritmos num formato simples no derbake, sem tecnicalidades, o que vai ajudá-la a identificar esses ritmos.

Quando você começa a aprender Flamenco ou o Kathak indiano, se espera que você aprenda direitinho os ritmos e entenda todas as sílabas rítmicas antes mesmo de você começar a aprender os movimentos. Mas isso é porque os professores e instrutores sabem o que eles estão ensinando e têm experiência nas suas artes.

De qualquer forma, eu sei que esse não é o caso da dança do ventre, e isso é o que eu e a Serena  estamos querendo ensinar às bailarinas indo ao seu país (Japão).


2. Você recomendaria aprender uma série de diferentes ritmos (e em qual ordem)?

Eu desenvolvi uma série de ritmos relacionados que vêem de uma só raiz e partem para os galhos de cada ritmo, eu os chamo de "As Árvores dos Ritmos".

3. Qual é o melhor caminho para aprender os ritmos específicos da dança do ventre?

Aprendendo os ritmos da Dança do Ventre. Eu criei um cd duplo para tratar justamente desse assunto chamado "Rhythms of The Nile" EUCD 1427, disponível no meu site www.hossanramzy.com .

Nesse álbum, eu falo e explico sobre os instrumentos e ritmos, e a segunda parte do álbum é dedicada a ensinar como tocar os instrumentos também. Tem uma transcrição de tudo o que eu digo no álbum em 4 línguas.

4. Qual é o erro mais comum que as bailarinas cometem quando dançam solos de derbake?

O erro mais comum é "não repetir os seus movimentos 4 vezes" toda vez que você introduz um passo novo.

5. Com o que uma bailarina precisa tomar cuidado ao tentar encaixar o seu ritmo com o da dança do ventre?

Elas precisam prestar muita atenção ao tempo do ritmo, e assegurar que elas não traduzam o ritmo de forma forte demais, nem fraca demais.

6. O que você espera de uma bailarina quando você toca derbake?

Isso está explicado detalhadamente no meu artigo "Drumming 4 dancers". (Percussão para bailarinas)







7. Que sinais são utilizados entre os músicos e as bailarinas quando se quer uma mudança no tempo ou no ritmo?

NUNCA deve haver uma mudança no tempo. A não ser que seja desenhada, entendida, ensaiada e treinada entre a bailarina e a orquestra e entre a bailarina e o derbakista.

Parece correr por aí essa falsa informação, perpetuada por instrutores desinformados que estão prejudicando essa arte, dizendo que existem sinais para mostrar ao seu derbakista ou músico para mudar de tempo ou de ritmo.

Isso é falso, não é verdade e não deve ser usado em performances de dança.

Se você assistir um Ballet você nunca vai ver isso entre a bailarina e a orquestra.
Se você assistir um Flamenco Tablao... você nunca vai ver isso entre a bailarina e a banda.
O mesmo vai acontecer se você assistir uma performance do Kathak Indiano.

O que faz as pessoas acharem que isso existe na Dança Egípcia?

Você já assistiu Nagua Fouad, Mona El Said, Souheir Zaki, Namima Akef, Zeinat Oloui ou qualquer outra das Grandes Estrelas da Dança Egípcia ao vivo com suas bandas? Você nunca vai ver nada assim acontecer.

Então, imagino que a resposta para a sua pergunta é... NÃO, não existe nenhum sinal.

8. É possível que um grupo dance um solo de percussão improvisado e acerte os acentos?

Para dançar um solo de percussão improvisado é preciso seguir as regras que eu dou no meu artigo "Drumming 4 dancers".

Mas para fazer isso em grupo, você vai abrir espaço para muitos mal entendidos. Tais solos de percussão podem ser organizados para um grupo, mas uma coreografia deve ser aprendida e ensaiada entre todos, senão vai parecer uma bagunça.

9. Quando você está trabalhando em conjunto com uma bailarina de dança do ventre numa performance, o que você espera da bailarina e da apresentação musical?

Eu asseguro que tanto a bailarina quanto os músicos entenderam o meu artigo "Drumming 4 dancers".

E que a bailarina saiba traduzir a música de acordo com o artigo. Então discutimos o conteúdo emotivo da música, como ela será apresentada e porquê... depois começamos a ensaiar, fazendo tentativas, cometendo erros, corrigindo, concordando, discordando e trabalhando na visão do que queremos mostrar.

Quando tudo acima está acordado, então ensaiamos e praticamos o que foi combinado e aperfeiçoamos a cada vez que fazemos a apresentação.

Para nós, uma apresentação de Dança do Ventre é tão sagrada quanto a apresentação de uma Orquestra Sinfônica.

Nós pegamos pesado com todo o mundo.