quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Livro do Mês: Caminhos Palestinos


Depois de sugerir um livro sobre o passado, o livro de mês terá como tema um assunto contemporâneo, mas sem deixar de ser polêmico: A Palestina.

"Caminhos Palestinos" foi escrito pelo advogado palestino Raja Shehadeh e trata de um relato pessoal da sua história com essa terra, hoje arrasada, chamada Palestina. O livro passa desde sua infância e juventude, quando a liberdade de ir e vir na Palestina era bem grande e o terreno era cheio marcos da história do povo palestino, até os dias de hoje, com essa mesma terra entrecortada por assentamentos israelenses e estradas controladas por Israel que impedem a locomoção dos palestinos.

Capa da edição brasileira do livro
Além de belas descrições da paisagem e explicações sobre o modo de vida do povo palestino (e como ele foi sendo modificado ao longo do tempo para se adaptar às mudanças), o livro ainda tem explicações detalhadas de como funciona o processo de expulsão dos palestinos e da criação de novos assentamentos israelenses. Tudo com detalhes jurídicos, o que é muito interessante (e às vezes desesperador).

De uma forma geral o livro é muito triste, pois tudo que ele vai descrevendo como sendo lindo vai sendo destruído ao longo do relato, e é grande a aflição conforme ele conta como as pessoas vão perdendo as suas casas, ou até mesmo as suas vidas. E às vezes o motivo é tão banal...

Sei que não é a melhor época do ano para um livro tão pesado, mas é bom para entendermos um pouco mais desse conflito que volta e meia estampa as manchetes dos jornais e que tem tudo a ver com a dança do ventre, afinal os palestinos são árabes :-) e Israel hoje em dia tem um dos maiores festivais de dança do ventre do mundo!

Além disso, como o Natal e o Ano Novo é uma época de esperança, e com a aceitação da ONU da Palestina como um Estado Observador Não-Membro, as esperanças de dias melhores para esse povo tão sofrido ressurgem das cinzas. Quem sabe no futuro não teremos mais relatos desse tipo?

Quem quiser saber mais detalhes do livro, pode ver em outra resenha minha aqui.




sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Kisses from Kairo - Dos males o menor


Sexta-feira, 1° de junho de 2012

Por Luna do Cairo
Traduzido por Lalitha   


“El-Tet” TV 24h de dança do ventre

Desculpem, mas será um texto longo. Eu tenho muito a dizer.

Se existe alguma coisa positiva vindo do Egito pós-revolucionário, é o novo canal de TV de dança do ventre “El-Tet”. El-Tet, que é sediado no Bahrain e tem um escritório no Cairo, tem uma programação de apresentações de dança do ventre de bailarinas egípcias e estrangeiras 24 horas por dia. É isso mesmo. Shimmies e ondulações o dia inteiro na TV nacional egípcia. O canal, que tem um pouco mais de um ano, tira o seu nome da palavra árabe que denomina a parte com acordeão/tabla de uma música baladi. Na verdade se pronuncia “tit”, que obviamente traz à mente uma imagem equivocada para os falantes da língua inglesa (N.T.: em inglês a palavra “tit” pode significar seios). É por isso que você verá quase sempre transliterado como “El-Tet”. Com “e”, não “i”. :)

A primeira vez que ouvi falar sobre o novo canal foi em dezembro, quando alguns dos meus músicos insistiram que tinham me visto na TV. Eu nunca tinha ouvido falar do canal, e não tinha a menor idéia do porquê que eles estavam dizendo isso, apesar de achar muito engraçada a idéia de haver um canal chamado “The Tit” (N.T.: em inglês, “O Seio”). Então presumi que eles provavelmente haviam visto outra bailarina que se parecia comigo. E eu estava certa. Meu derbakista me mostrou o clipe no seu telefone celular da bailarina em questão, e com certeza não era eu. Não sei como me confundiram com ela, mas, novamente, os egípcios tendem a achar que nós, estrangeiras, somos todas iguais. :)

Dançando ao som de “Ya Helwa Sabah” no El-Tet

Naquela noite, cheguei em casa e sintonizei no El-Tet. Achei estranho ver tantas bailarinas não-egípcias, muitas das quais eu conheço, dançando na TV egípcia. Dos EUA eu reconheci a Sadie, Sabah e Virginia. Eu vi a Saida da Argentina. Do leste europeu, eu vi Maria Shashkova, Dariya, e um monte de outras bailarinas russas e ucranianas das quais eu nunca tinha ouvido falar. Hum. Como isso funciona, me perguntei. Seriam vídeos do YouTube? As bailarinas de fora do Egito sabiam do canal e mandavam os seus vídeos? Por que não apareciam as bailarinas estrangeiras que trabalham no Egito? E mais importante, onde estavam as bailarinas egípcias?

E então, como que para responder a minha última pergunta, o canal passou um monte de performances de bailarinas egípcias. Nenhum nome importante, nem nada. Apenas bailarinas medianas do mercado. De 5 egípcias, eu conhecia 1 e gostava de 2. Suas danças nada tinham de extraordinário, mas fiquei feliz de vê-las no canal. Diferentemente das estrangeiras, elas foram filmadas em cenários, pela equipe de produção do canal. Pela primeira vez, eles alugaram um espaço e contrataram uma banda. Só que a banda não tocava. Eles apenas ficavam nos seus lugares atrás das bailarinas, fazendo parte do cenário, enquanto as bailarinas dançavam ao som de CD. Cada uma tinha 3 ou 4 clipes – 1 ou 2 junto com um cantor, e 2 ou 3 sozinhas. A maioria das músicas que elas dançavam eram canções shaabi mais novas, daquelas que você escuta nos cabarés ou nos took-tooks – você sabe, aqueles carros pretos pequenininhos que andam pelas ruas do Cairo? E a dança era mais do tipo Cabaré Haram do que raqs sharqi, mas tudo bem. (N.T.: Haram em árabe quer dizer “pecado”, “proibido”, e raqs sharqi é o nome da dança do ventre em árabe). Esse é o estado da arte.

Controvérsia Comercial
Depois de passar dois dias assistindo exclusivamente ao canal, eu comecei a reparar nos comerciais, que foram o pretexto para a prisão do dono do El-Tet na semana passada (por sinal, ele já foi libertado). Eles eram comerciais caseiros descarados, nojentos, que anunciavam quase que exclusivamente todos os tipos de produto para melhorar o desempenho sexual, para aumento dos seios e do pênis, e poções mágicas para esse ou aquele problema. O comercial para disfunção erétil é o meu favorito. Ele mostra as fotos de antes e depois de um homem com um grande bigode caído e cheio de gel. Na foto do depois aparece o bigode mudando de direção e em progressão constante para cima. Sutil, né? Também têm anúncios de detectores de mentiras e câmeras com raio-x, coisas que estou morrendo de vontade de comprar. :)

Brincadeiras à parte, os anúncios são de mau gosto. Quer dizer, se eles fossem um pouco mais sutis e profissionais, daria para passar. Mas combinados com os anúncios pessoais (N.T.: tipos de anúncio de pessoas procurando alguém para um encontro) que vão passando na parte de baixo da tela durante os vídeos das danças das bailarinas, eles passam a ser revoltantes. Sem mencionar que eles dão uma má reputação imerecida ao canal e à dança.

Dando uma olhada no resultado da filmagem com o produtor
Ótimo. Então eu já disse o que tinha a dizer. Já dei vazão ao sentimento de muitas bailarinas de dança do ventre ao redor do globo que acham que o canal é humilhante, e que ficaram satisfeitas com a prisão do dono por conta dos anúncios que foram ao ar. Agora escutem o que tenho a dizer sobre porque eu apoio o canal, ou melhor, porque estou disposta a fazer vista grossa com a existência desses comerciais.

Colocando de forma direta, de um lado, o El-Tet tem como opção aceitar esses anúncios de produtos sexuais, ou do outro, fechar as portas. E na minha nem tão humilde opinião, manter o canal funcionando com comerciais desleixados é dos males o menor. Esse canal não só devolve a dança às pessoas, mas é um avanço para as mulheres, para a arte, a cultura, e para a razão. Além disso, é um tapa na cara dos fanáticos religiosos, da misoginia, do irracional, da ignorância e do ódio. Assim, eu os saúdo a resistir à maré de fanatismo religioso que tem tomado o país de assalto.

Como qualquer um da área de comunicação sabe, comerciais são uma fonte indispensável de recursos. Sem comerciais, não há dinheiro. Sem dinheiro, não há meio de comunicação. No momento, esses anúncios são a única fonte de renda disponível para esse jovem canal de dança do ventre. E como dança do ventre no Egito é equivalente à prostituição, nenhuma companhia respeitável está disposta a anunciar num canal que mostra dança do ventre. Nenhuma companhia de celular ou de móveis, em seu perfeito juízo, iria pagar para ter os seus produtos associados à prostituição. Para piorar as coisas, o El-Tet não recebe dinheiro de nenhum artista. E mesmo que recebesse, não seria suficiente para sustentar o canal. Então, ele é forçado a aceitar esses anúncios para sobreviver. Eu estou disposta a perdoar isso. Como o canal faz mais bem do que mal, nós podemos considerar em aceitar que, nesse momento da história, o canal precisa funcionar em circunstâncias não ideais.

Guerra à cultura?
Mais importante, entretanto, é que eu vejo esse incidente com o El-Tet como o último numa guerra de larga escala contra cultura que tem acontecido no Egito. Desde a queda de Mubarak, forças religiosas têm atacado a cultura de forma nunca vista no Egito. Eles estão se opondo a tudo, desde dança do ventre ao cinema e à cultura faraônica. Nem mesmo a esfinge ficou imune! De fato, antes da prisão do dono do El-Tet, o famoso ator egípcio, Adel Imam, corria o risco de ser sentenciado à prisão por “blasfêmia”. A máfia barbuda agrediu fisicamente estudantes de cinema na Universidade Ain Shems por fazer uma reconstituição da época de Sadat. Muitos cabarés ou foram queimados ou comprados por grupos religiosos, ou fechados por falta de clientes. E hotéis como o Grand Hyatt e o Mena House cancelaram todos os seus shows de dança do ventre. Você pode ler mais sobre esse tipo de coisa aqui

De forma similar, a prisão feita semana passada foi um ataque à dança e às mulheres. Apesar do dono ter sido preso sob acusação de “facilitação à prostituição” por mostrar anúncios durante os clipes de dança, o problema “real” é que tem mulheres semi-nuas rodopiando pela rede nacional de TV. E todos nós sabemos o que as pessoas religiosas acham disso. Os espectadores reclamaram dos comerciais, sim, mas isso apenas deu às autoridades uma desculpa para atacar o canal. Isso fica claro à luz do fato de que o Egito já tem um canal de TV que mostra anúncios pessoais 24h por dia, e que a polícia da moral não fez nenhum barulho com relação a isso – por mais visuais que esses anúncios possam ser, são apenas palavras. Lembrem-se que nem todos conseguem ler. Mas quase todo o mundo pode ver. E eu aposto que a maioria dos espectadores está muito ocupado prestando atenção nas bailarinas para notar os comerciais na parte de baixo do vídeo.

Eu não estou defendendo o canal porque fiz alguns vídeos com eles, diga-se de passagem. Não há nenhum interesse pessoal aqui. Mesmo antes de eles me pedirem para me filmar, eu já havia percebido o grande avanço que esse canal representa para a dança, e mais importante, para o Egito. Se posso dizer alguma coisa, minha colaboração com o canal me deu a rara oportunidade de conhecê-los pessoalmente e ver suas verdadeiras intenções. E eu posso dizer que são as melhores.

Minha experiência com o El-Tet
Ao contrário do que eu esperava inicialmente, todas as pessoas que trabalham no canal são decentes e respeitáveis. Não há nenhum cafajeste, como se espera encontrar no mundo da dança do Egito. Desde o próprio dono do canal, até os produtores e maquiadores, cada um tem como compromisso promover a dança do ventre como arte. E mais, eles gastam milhares de dólares para garantir que os clipes que eles filmam serão agradáveis e respeitáveis. Se você der uma olhada nos vídeos, você verá que eles são gravados em lindas casas de campo com lareiras, móveis bacanas, relógios de parede e confete (!) etc. É óbvio que eles estão dando o máximo de si para criar uma imagem positiva.

Trabalhar com eles tem sido um grande prazer. Nas duas vezes em que fui filmada, eu iria aparecer na locação com os meus figurinos. A equipe de produção iria dar uma olhada neles e escolher aqueles de que gostava mais. Eles ficaram especialmente intrigados com a minha roupa da bandeira americana, e me pediriam para usá-la, mas em ambas as vezes eu recusei. O clima político atual me deixa um pouco desconfortável. Então, ao invés dele concordamos na minha roupa de recortes de jornal. :)

Sendo montada pelo maquiador do “El-Tet” antes da filmagem
A primeira filmagem que eu fiz foi muito interessante. Eu não sabia bem o que esperar. Cheguei à casa de campo às 10h da manhã, cansada e com fome, e bebi copos de café além da conta enquanto esperava para ser arrumada. Havia mais 4 bailarinas egípcias passeando pelo complexo da casa. Algumas estavam sendo filmadas. Outras estavam fazendo ou o cabelo ou a maquiagem. Depois de algum tempo de espera, chegou a minha vez de ser embonecada. Os maquiadores e cabeleireiros estavam sob ordens restritas de me manter com um jeito “estrangeiro”. Isso significa uma base branca, sem delineador preto, sem sombras escuras, batom de tom nude e o cabelo preso e liso. A única coisa “egípcia” em mim eram as sobrancelhas. Você sabe, aquelas sobrancelhas zangadas em forma de V que são a marca registrada da maquiagem egípcia? :)

Quando eu sugeri que usassem um pouco de delineador preto em mim eles responderam brincando que delineador preto é coisa de prostituta! :) E quando eu sugeri que eles me fizessem parecer mais exótica eles responderam que eu já era exótica. Bom, para eles eu era. Para mim, eu apenas não conseguia me reconhecer. E nem me sentia como uma bailarina de dança do ventre. Mas deixei pra lá. Talvez eles vissem algo que eu não conseguia ver.

Pouco depois, um jovem se aproximou com uma bandeja cheia de glitter numa mão, e um batom vermelho na outra. Ele encheu todo o meu corpo de glitter – braços, pernas, barriga, colo e tudo o mais – com as próprias mãos. Então ele esfregou o batom nos meus joelhos, decote e axilas! Essa foi a primeira vez que eu deixei um egípcio desconhecido colocar as mãos em mim. Eu não pensaria duas vezes se fosse nos EUA, mas aqui as coisas são diferentes. Entretanto, estranhamente ele foi rápido e profissional, e não havia nada de estranho naquilo.

Depois era hora da filmagem. A equipe de produção queria que eu dançasse num corredor estreito, insistindo que ficaria lindo no vídeo. E ficou, exceto que eu não tinha espaço para me mexer e esticar os braços. Eu me senti como a Jeanie dançando dentro da garrafa. E eu usei um véu para a minha entrada de “Set el hosen”. Fora que os meus braços pareciam amassados e que tinha alguns cortes feios na edição, fiquei satisfeita com o produto final.

O próximo clipe que filmei foi com o cantor Ahmed Salah. Ahmed é um cantor popular de shaabi do circuito noturno, e meio que se parece com o Baha Sultan (N.T.: cantor egípcio famoso). :) Ele cantou uma música fofinha chamada “Salamtak ya Dimaghi” que podemos traduzir livremente como “tchau tchau meu cérebro”. A ideia é que ele perde a cabeça toda a vez que vê uma garota que ele gosta. Eu usei a minha roupa de recortes de jornal para esse clipe, e me diverti muito na filmagem. Principalmente porque houve muitos erros. O melhor deles foi quando uma parede de isopor caiu na cabeça do Ahmed enquanto ele estava cantando. Nós dois começamos a rir e não conseguimos mais parar até o final da filmagem. :D

Com Ahmed Salah, “Salamtak ya Dimaghi

O último clipe que fiz foi com a famosa música da Warda, “Esmaooni”, com arranjo e voz da orquestra Safa Farid. Eu usei uma roupa com uma impressão de pele de leopardo azul com lantejoulas para essa filmagem. Nesse momento eu já estava cansada, morrendo de fome, irritada, e não queria fazer mais nada além de ir para casa. E eu teria ido. Exceto que eu não queria ser grossa e ir embora depois de ter prometido filmar 3 clipes. Então continuei em frente e fiz uma execução corrida de Esmaooni, plenamente consciente de que não estava dando o meu melhor, e não dando a mínima pra isso. De alguma forma, entretanto, os planetas se alinharam ao meu favor. Esmaooni se tornou o clipe mais famoso de todo o canal, recebendo mais telefonemas e votos on-line do que qualquer outro clipe desde que o canal começou. Desde então, tive platéias egípcias cantando “Esmaooni” até eu ceder e dançar para eles. :)

O segundo round da minha experiência com o El-Tet foi muito melhor. Pelo menos eu sabia o que esperar, e eu sabia que devia trazer comida e minha própria maquiagem! Dessa vez, eu filmei 4 clipes. O primeiro foi uma versão da Safa Farid de “Ye Helwa Sabah”. O segundo foi um improviso para uma música de entrada moderna, e o terceiro foi um improviso de solo de derbake. Eu filmei o quarto clipe com outro cantor popular de shaabi, Ragab El-Prince. Eu ainda não sei o nome da música, e ainda não consegui uma cópia do vídeo, mas era sobre uma garota fazendo de tudo para ficar com o seu amor. Trabalhar com Ragab foi tão divertido quanto trabalhar com Ahmed. Apesar dos dois terem estilos completamente diferentes. E é claro, que não pudemos terminar a filmagem sem um erro ou outro, o mais notável foi o meu bustiê abrindo na frente das câmeras! Graças a Deus que eles não passaram nenhum dos erros no ar!

No set com o cantor shaabi Ragab :)
Críticas
El-Tet recebeu muitas críticas. A maioria de egípcios conservadores, e daqueles que odeiam as mulheres e a dança. Entretanto, algumas das críticas vieram de bailarinas de dança do ventre, surpreendentemente. Porém, eu acho que isso era esperado. Tudo que é novo e “revolucionário” está destinado a encontrar resistência. Qualquer coisa. Direitos civis, direito das mulheres, direitos dos gays, dança do ventre na TV egípcia etc. É apenas a trajetória natural do progresso.

Forças conservadores no Egito amaldiçoaram o canal por supostamente “corromper a sociedade”. Você sabe, toda aquela coisa das mulheres seminuas se balançando? Isso era esperado. O que eu não esperava foi o criticismo alastrado por toda a comunidade internacional da dança.

Como eu mencionei anteriormente, muitas bailarinas ficaram chateadas pelo canal transmitir anúncios de mau gosto e anúncios pessoais. Mas as críticas não se restringiram a isso. Muitas, incluindo algumas estrelas aposentadas, criticaram o canal por apresentar a dança pela dança. Elas alegaram que a forma “correta” de apresentar a dança era num contexto de um filme, com uma história, um pano de fundo, e eventos dramáticos. Apesar disso ser legal, eu não vejo nada de errado em assistir a velha e boa dança do ventre. Sem mencionar que muitos desses filmes antigos são muito orientalistas em se tratando das cenas de dança do ventre. E as bailarinas sempre fazem algum papel indesejável, como uma prostituta, uma criminosa ou espiã. Isso sem dúvida reforçou a imagem negativa das bailarinas de dança do ventre ao longo dos anos. E aqui é ao contrário, ninguém faz esses papéis no El-Tet. As bailarinas só dançam.

Outra bailarina famosa criticou o canal por surgir no “momento errado”. Ela disse que um canal como esse não tem lugar num momento de revolução... que a mídia deveria estar educando as pessoas, e ensinando como elas devem respeitar umas às outras. Enquanto eu definitivamente concordo que a mídia poderia fazer mais para educar as pessoas (ao invés de doutrinar), a idéia de que estamos numa revolução e de que não precisamos da dança para nos distrair é perigosa para a dança. Alguns lugares estão num estado constante de revolução. Devemos esperar sairmos desse estado antes de darmos à dança a atenção que ela merece? Ela não terá morrido até lá? Dos milhares de canais de TV disponíveis para os egípcios nem UM pode ser dedicado à dança? Todos eles têm de mostrar programas “educacionais” que ensinam religião aos egípcios, ou tolerância, ou respeito etc.? Certamente que tem lugar para 1 ou 2 canais de dança do ventre! Além disso, quem disse que eles não são educacionais à sua própria maneira?!?

A última crítica que ouvi, e provavelmente a mais válida, foi sobre a prática do canal de passar vídeos do YouTube de bailarinas sem a permissão delas. Eu sei que isso enfureceu muita gente. E eu entendo isso. Entretanto, eu gostaria de apontar que todo o conceito de direito autoral é novo no Egito. Isso não os exime de usar filmagens de outras pessoas, mas explica porque está acontecendo. Pelas minhas conversas com o pessoal do canal sobre o assunto, parece que eles estão começando a pensar sobre isso.

No set com Ahmed Salah
Benefícios
Apesar de todos os pontos negativos que as pessoas já apontaram, na verdade eu acho que o El-Tet faz mais bem do mal. E esses são os motivos:

Primeiro e mais importante, ele está levando de volta a dança para as pessoas. Graças ao El-Tet, qualquer um pode ligar a sua televisão e se deleitar com uma apresentação de dança do ventre. Esse não era o caso antes do canal aparecer. Isso porque os preços para ir num show de dança do ventre são tão caros que a maioria dos egípcios não pode pagar. A dança do ventre, então, se tornou um entretenimento exclusivo dos ricos e de outras bailarinas estrangeiras. O El-Tet mudou isso da noite para o dia. Ele devolveu uma grande parte da cultura para o povo egípcio. Por sua vez, os egípcios estão levando isso muito a sério. Eles estão tendo todo tipo de conversa inteligente sobre a dança. Eles discutem quais são as suas bailarinas favoritas e porque, o quê eles acham das roupas, das músicas, etc. Em resumo, eles estão ficando animados com a dança, o que é uma coisa boa de qualquer ângulo que você olhe.

Segundo, e eu nem precisava dizer isso, o El-Tet é um passo na direção certa para as mulheres, o secularismo e as artes. E eu acho que não preciso dizer mais nada sobre isso.

Terceiro, a dança do ventre televisionada está gerando uma competição saudável entre as bailarinas. Vou explicar o que quero dizer. Geralmente existem duas formas de lidar com a competição. Uma forma é prejudicando a sua competição ao acabar com a sua reputação, vandalizar seus pertences pessoais, ou se envolvendo em outras ações destrutivas. É isso que normalmente acontece por aqui. A segunda forma é superando a sua competição. Observar o trabalho delas e tentar fazer melhor. É isso que o El-Tet está encorajando, mesmo sem saber. O que está acontecendo é que agora as bailarinas estão sendo vistas umas pelas outras através da televisão. Elas estão observando os movimentos das outras, suas roupas, visual, seleção musical, e estão se empenhando em superar umas às outras nos vídeos seguintes. Isso é algo positivo. Confiem em mim. Está motivando as bailarinas a melhorarem a sua dança ao observar as outras e a criar coisas novas. No final das contas isso vai trazer uma melhora geral no nível da dança por aqui.

Além disso, o El-Tet está disponibilizando exposição para toda uma nova geração de bailarinas. Antes desse canal os egípcios só conheciam a Dina. Agora eles estão contratando outras bailarinas, incluindo eu mesma, para as suas festas. O que é ótimo. Tem muitas bailarinas por aí que precisam do trabalho e dessa exposição, e algumas delas são realmente muito talentosas. Desde que os barbudos não destruam a dança, esse canal está preparando uma nova geração de estrelas que serão conhecidas pelo público egípcio da mesma forma que Samia, Fifi, Souheir e Nagwa já foram.

Pessoalmente falando, eu já me beneficiei de ter aparecido no canal. Publicidade é sempre uma coisa boa. Eu também gosto de ouvir e ler os comentários dos egípcios sobre a minha dança. Mas não me entendam mal. Só de pensar de aparecer em rede nacional da televisão egípcia é de deixar os nervos à flor da pele. Isso quer dizer que todos estão me vendo. Todos. Homens, mulheres, jovens, idosos, fanáticos religiosos, outras bailarinas, agentes, produtores, e a lista não termina. É muita pressão. Eu não fico muito feliz que donos de apartamentos e meus vizinhos assistam o canal, já que eu poderia e já fui expulsa de um apartamento por ser bailarina de dança do ventre. E eu não tenho muita certeza de como me sinto quando pessoas desconhecidas cantam as músicas que eu dancei quando elas me vêem na rua. Quer dizer, estou acostumada a andar “disfarçada”, e essas pessoas estão acabando com o meu disfarce! Mas é legal ver que as pessoas me reconhecem. :)

Dançando “Set El-Hosen” no corredor estreito :)
Eu também já fui pessoalmente criticada por ter aparecido no canal. Alguns disseram que pelo nível da dança que aparece é muito baixo (e de classe baixa), eu me arruinaria se aparecesse lá. Outros disseram que as pessoas se cansariam de ver a minha cara. Outros ainda sugeriram que eu seria exposta a muito assédio e criticismo desnecessário. Eu considerei isso tudo antes de concordar em ser filmada, e no final eu decidi que, diabos, só se vive uma vez. Eu sou viciada em novas experiências, mesmo que elas não sejam sempre positivas. Essa experiência, entretanto, acabou se revelando mais do que boa, e eu estou muito feliz de ter aceitado a oferta deles de ser filmada. No mínimo, me inspirou a escrever o maior post da história!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Diário de Viagem - TURQUIA – 7° dia - Capadócia



Acordamos no nosso hotel maravilhoso com a vista cheia de balões... se a vista já era linda antes, com os balões ficou ainda mais mágica! O café da manhã estava simplesmente perfeito, sem dúvida o melhor da viagem em termos de variedade e qualidade da comida! E nós precisávamos de muita energia!

Vista do hotel com os balões
Esse dia foi totalmente dedicado a conhecer a Capadócia. Acordamos bem cedo para sermos os primeiros a chegar no Museu a Céu Aberto de Göreme. Mais tarde viemos a descobrir que chegar cedo também significa pegar bem menos sol e calor...

A Capadócia é uma região com uma paisagem única e com uma cara meio lunar... com suas rochas de origem vulcânica extremamente macias, o que as tornam fáceis de deformar pelos ventos ao longo do tempo, por isso o perfil da paisagem é realmente muito diferente. Além disso, suas rochas e solo foram usadas durante muitos séculos para escavar casas e até cidades inteiras. Göreme é uma dessas cidades!

As rochas "esburacadas" de Göreme
Criada por uma leva dos primeiros cristãos, que procuravam viver de forma monástica e eremita, pelos idos do século III, eles aproveitaram algumas construções já existentes e fizeram muitas novas, incluindo diversas igrejas, criando um grande complexo de cavernas.

A visita é um pouco cansativa, pois os quartos e igrejas ficam espalhados pelas rochas, como se fossem mini-montanhas, e durante o passeio se sobe e desce um monte de ladeiras e escadas!

Mas vale a pena cada gotinha de suor, pois o lugar é muito lindo e exótico! As igrejas são todas lindas e muito diferentes do que você poderia imaginar de igrejas em cavernas. Primeiro, elas são inteiramente escavadas, mas isso não as impede de ter colunas! Segundo, são todas lindamente pintadas por dentro! E o mais interessante, em algumas delas existem 2 camadas de pintura, pois a primeira camada decorativa, datada do início da ocupação de Göreme, era muito simples e limitada, e até o final do século XIII, novos afrescos, bem mais complexos, foram pintados por cima, e novas igrejas também foram construídas até o final desse período.

O único porém é que não podemos tirar fotos no interior das igrejas, nem sem flash :-(

No interior das igrejas não pode, mas algumas desabaram parcialmente e podemos ver as pinturas expostas!
Algumas igrejas também estão um pouco depredadas, pois depois que os cristãos abandonaram a região, os muçulmanos que chegaram depois simplesmente não entendiam o que eram aqueles afrescos, e alguns mais radicais tentaram até mesmo destruí-los (lembrem que para o islamismo a representação de criações de Deus, incluindo seres humanos, é vista como heresia). Isso também explica os nomes dados às igrejas: igreja da maçã, da sandália... pois os moradores do local não reconheciam os santos nem as imagens!

Depois de começar a sentir o calor que é capaz de fazer na Capadócia, fomos fazer outro passeio exótico: conhecer uma cidade subterrânea!

Como mencionei anteriormente, essa região é composta basicamente de pedra vulcânica, fácil de manusear (ela se desfaz com a unha!), e por ser muito erma, foi usada ao longo da história como esconderijo de diversos povos. Algumas das cidades subterrâneas dessa região datam da época dos Hititas (um povo conterrâneo dos egípcios, quem leu a Saga de Ramsés de Christian Jacq já ouviu falar deles), e diversas outras foram feitas ao longo dos séculos. As mais modernas foram feitas pelos cristãos que habitaram essa região, para servirem como esconderijo nos momentos em que foram caçados (primeiramente pelos romanos, e mais tarde pelos muçulmanos).

Uma das maiores galerias da cidade-caverna
Existem cidades subterrâneas de diversos tamanhos, que comportam diferentes quantidades de pessoas, com espaço para manter um estoque suficiente de comida para pelo menos alguns meses. E dentro dessas cidades tem de tudo, desde estábulos, até cozinha (com direito a uma chaminé que fique bem longe da entrada da cidade, claro), quartos de dormir, local para fabricação de vinho etc. tudo o que fosse indispensável para sobreviver.

Mas essa visita também não é para qualquer um, pessoas com claustrofobia e problemas cardíacos podem passar mal, pois as salas debaixo da terra são todas bem fechadas, com passagens pouco apropriadas para pessoas com mais de 1,60m. Em algumas dessas passagens até mesmo crianças precisam se abaixar, pois a idéia era manter o controle e dificultar a passagem de inimigos no caso deles descobrirem a localização dessas cidades. Até portas à la Indiana Jones foram usadas nessas cidades!

Para ter uma ideia do tamanho do corredor, eu, essa "enormidade" de pessoa, precisei me agachar assim!

As portas são grandes pedras que só podem ser movidas pelo lado de dentro
No caso da cidade que fomos visitar, ela foi descoberta recentemente (anos 90) por conta de uma galinha fujona. O fazendeiro, dono da área, que descobriu a cidade, alertou as autoridades, que confiscaram a sua terra, por conter um sítio arqueológico, e com o dinheiro que ele recebeu de indenização ele abriu a lojinha de souvenires que existe bem em frente à entrada. Não sei se ele fez um bom negócio, mas certamente a visita foi inesquecível! É realmente uma experiência única se sentir uma formiga debaixo da terra, passando por todos aqueles túneis... ah, e é frio lá embaixo! Apesar de não haver um sistema de ar condicionado, a porosidade da rocha funciona como um filtro de ar, purificando e gelando tudo! Quanto mais baixo e mais longe da entrada da caverna, mais frio!

Depois do choque térmico de sair da caverna para encontrar o calor da superfície, pegamos o nosso ônibus e fomos levados para uma loja de tapetes, outro ponto turístico que não dá para pular quando se vai à Turquia! O interessante dessas visitas é que você pelo menos aprende alguma coisa sobre o artesanato local, ao invés de apenas fazer compras.

A loja que visitamos funciona também como escola de tapeçaria, ensinando a jovens pobres (sempre mulheres) a ganharem um dinheiro extra para a sua família. E na entrada da loja tem um atelier onde um dos vendedores explica a diferença entre os tipos de nós usados na fabricação dos tapetes, a diferença entre os tipos de material utilizados, como se tinge cada tipo de material etc... tudo para você entender muito bem porque os preços variam tanto e justificar o valor cobrado na loja :-)

Jovem tecendo tapete, a velocidade com que elas tecem é incrível!
Brincadeiras à parte, a aula é realmente interessante. E a apresentação feita dos tapetes à venda, já na loja e depois de servirem um monte de tipos de bebidas (inclusive alcoólicas, o que demandam certo controle por parte do cliente que não quer gastar dinheiro), é muito bonita. Os tapetes em si são todos lindos, e aula que se tem sobre padrões, cores e tipos de tapetes falsificados é digna de um museu! Só que nesse museu você pode comprar as peças que você gostou e levar pra casa. Eu, como sou alérgica, usei do meu autocontrole para não comprar nada. Foi muito difícil, mas eu consegui.
Alguns tapetes são tão detalhistas que mais parecem quadros!
Como a compra de tapetes pode ser um processo um pouco demorado (não só pela escolha do tapete, mas também pela negociação do preço a ser pago – afinal estamos falando da Turquia), o grupo se dividiu entre aqueles que iriam comprar tapetes e aqueles que estavam com fome. Os primeiros ficaram até mais tarde na loja, enquanto os segundos foram direto para um belo restaurante que é uma réplica de um caravançarai (lugar para descanso e pernoite para as antigas caravanas). O restaurante por si só era uma atração, mas, além disso, a comida era muito boa e bem servida, apesar de não haver menu. O sistema era de entrada, prato principal e sobremesa, com algumas poucas opções de cada prato. Mas o preço era justo, e eles aceitavam cartão de crédito.

Depois de um almoço bem demorado, o que foi muito bem vindo, fomos visitar o “vale das fadas”. Lembra que eu mencionei que a Capadócia tem o solo feito de uma rocha vulcânica fácil de ser moldada? Pois bem, cada camada do solo tem uma facilidade um pouco diferente de ser moldada pelos ventos, e com isso, ao longo dos séculos, foram sendo criadas, naturalmente, diversas estruturas que se assemelham a cogumelos, daí o apelido de vale das fadas. Outros nomes mais vulgares também são usados pela população local, mas isso eu deixo para a imaginação de vocês.

Vale das Fadas
E foi durante esse passeio que eu entendi o que é o clima continental durante o verão... a Capadócia é um lugar de extremos, chega tanto a -20° no inverno quanto a 50° no verão. E eu juro que fica mais quente do que no Egito quando chega a 50°! Nunca imaginei que fosse visitar um lugar nessa temperatura... e como o clima é extremamente seco, a diferença de temperatura entre a sombra e o sol é bizarra! Na sombra chega até a ser agradável, enquanto debaixo do sol de 50° a coisa fica bem complicada. Mas como as rochas são muito porosas, qualquer caverna parece ter um ar condicionado natural, o que facilita muito a exploração do vale.

Na sombra é muito mais agradável...
Esse tipo de formação rochosa é encontrada facilmente em toda a região, e algumas chegam a ter formatos mais peculiares e recebem nomes especiais, como “3 reis magos” e o “camelo”.

O Camelo
Toda a região parece um verdadeiro queijo suíço, pois em todas as rochas tem cavernas escavadas pelo homem, mas algumas estruturas merecem uma atenção especial, como o castelo que demos uma paradinha para ver de mais perto. E, aproveitando a parada técnica, encontramos um barzinho para tomarmos um chá gelado enquanto curtíamos um calor digno do Rio de Janeiro no auge do verão. Ok, talvez fosse pior.

"O Castelo" mais parece um queijo suíço

Depois de derreter o cérebro no calor de 50°, nossa guia nos levou para conhecer outro “artesanato” típico da região: o trabalho de ouro e prata com pedras preciosas. E claro, a pedra mais famosa da Turquia: a turquesa. Lá aprendemos também a distinguir a pedra falsa da verdadeira, o único problema é que quando a cópia é boa só dá para ver se a pedra é verdadeira ou não se a quebrarmos. Não adianta muito, né? Mas a visita valeu à pena, pois a loja era realmente muito bonita e os preços realmente tentadores.

Após essa visita, o nosso grupo se dividiu novamente, pois nem todos queriam assistir ao show dos dervixes rodopiantes. Claro que eu e o Caike fomos ver os sufis dançando. A cerimônia (chamada Sema na Turquia) foi realizada num lugar muito interessante, pois era numa casa com um jeito bem simples, com uma pequena loja de souvenires no térreo, e uma escada que dava para o subsolo. O subsolo era um salão imenso e frio (por causa da rocha porosa), que mais parecia um local de encontro religioso mesmo.

No centro do salão tinha um palco redondo, onde seria realizada a sema. A cerimônia foi realizada por um grupo de 4 dervixe, mais 3 sufis que serviram apenas de músicos, e mais o mestre do grupo. Como é uma cerimônia religiosa, não podemos tirar fotos, mas isso não faz a menor diferença, pois o importante ali certamente não era a parte visual (apesar de ser muito impressionante).

A cerimônia começa com os músicos tocando uma linda música sufi, daquelas que só de ouvir você começa imediatamente a meditar, depois entra o mestre e os demais dervixes, que seguem todo um cerimonial específico, que tem um simbolismo lindíssimo (isso pode vir a ser um post no futuro...), e no final o mestre faz um sermão com base no corão ou em ensinamentos sufis (essa parte eu não entendi nada snif snif snif). A entrega dos dervixes era tão grande que dava para perceber as variações mais ínfimas na música, de forma que todos eles paravam de rodopiar ao mesmo tempo... e depois de umas duas sessões de rodopio já dava para saber quando eles iriam parar. Algo realmente mágico de se ver.

O bacana mesmo é a experiência de assistir o sema, pois se você der sorte de assistir um ritual de verdade, é algo realmente fantástico! A sensação que eu tive foi de estar dançando e meditando junto com os dervixes... saí de lá extasiada! Foi uma das coisas mais lindas e emocionantes que já vi. Mas não é todo o mundo que entra nesse clima...

Durante a cerimônia não pode tirar foto, mas depois os dervixes dão uma palhinha para os turistas registrarem
Depois da cerimônia voltamos para o nosso hotel na caverna, e fomos jantar junto com o casal paulista. Dessa vez eu e o Caike pedimos um “Celtik Kebab”, que era um prato de carne de carneiro com batata palha e iogurte, enquanto o casal pediu peixe. Para variar tudo estava divino! Apesar de confessar que eu gostei mais do prato que eu havia comido no dia anterior...

Após o jantar fomos direto dormir, pois o balão sairia absurdamente cedo no dia seguinte.