sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Diario de Viagem - TURQUIA - 4° dia - Visitando Pérgamo


Acordamos bem no Hotel em Çannakale, pois não arriscamos o ar condicionado, e sinceramente não precisava. Como não sabíamos o que fazer com as malas, as levamos nós mesmos para a recepção (depois descobrimos que era só deixar na porta do quarto... enfim, ficaria para o dia seguinte), e depois de fechar a conta, fomos tomar café. Novamente tivemos aquela sensação de que o hotel na verdade não é tão chique quanto aparenta ser... de longe o café da manhã parecia muito variado, mas era pura ilusão. Não havia chá disponível, o café era servido numa máquina bem ruinzinha da Nescafé, e era tão ou mais aguado que o chocolate quente (quando chegava no final da porção servida na máquina dava para ver que só saía água). Na hora de sairmos fui ao banheiro, que além de não estar com as pias funcionando, havia um homem, empregado do hotel, dentro, procurando algo dentro de um armário, sem nenhum aviso na porta. Ainda bem que eu não tenho problemas com esse tipo de coisa, pois os banheiros têm portas, né? Depois saí correndo para o ônibus, pois eu passo muito mal se não sentar na frente.

Quando todos já estavam no ônibus partimos em direção a Pérgamo, que hoje em dia se chama Bergama. No caminho ainda passamos por dois montes importantes (tipo, estão na mitologia), mas eu só me lembro do nome de um deles: monte Ida. Juro que procurei informações sobre a geografia da Turquia em português, inglês, francês e espanhol, mas não achei o raio do nome do segundo monte. Talvez tenha em turco na internet, mas aí é incompreensível, fico devendo a informação.

A primeira parada técnica foi numa loja de produtos feitos de azeite, pois essa região da Turquia é uma grande produtora de oliveiras (e, logo, de azeite). A loja tinha de tudo o que você pode imaginar feito de azeite: sabonete, xampu, condicionador, hidratante – de corpo e para as mãos, óleo de banho, e, claro, azeite. O nome da marca de xampu e do óleo de banho era o máximo: Captain Troi.

Compras à parte, aproveitamos para tomar um chá preto, enquanto os outros ônibus de turismo não havia chegado (depois eles chegaram e a loja, que era bem pequena, virou uma sucursal do inferno). Na hora de pagar, eu paguei a minha parte e o Caike foi pagar a dele e resolveu aproveitar para treinar o turco, e tascou um “obrigado”: teşekkür ederim (lê-se texekur ederim). Veja bem, a tal loja era um estabelecimento familiar, que nem aceitava cartão de crédito. No caixa estava o dono com o filho, que devia ter uns 6 ou 7 anos de idade. Já mencionei que crianças podem ser muito engraçadas? Pois bem, o garoto olhou para o Caike, caiu na gargalhada, virou para o pai e repetiu “teşekkür ederim hahahahahaha”. O pai riu e fez uma cara meio sem graça para a gente, que devolvemos com um olhar que queria dizer “tudo bem, não tem problema o seu filho rir na nossa cara desse jeito”. Tenho orgulho de dizer que isso não impediu o Caike de continuar repetindo “teşekkür ederim” no resto da viagem. Mas até hoje fico imaginando o que o Caike disse de errado, porque sinceramente não consegui perceber a diferença para o resto dos turcos, mas eu já desisti dessa língua mesmo...

Depois de mais um bom tempo no ônibus finalmente chegamos a Pérgamo! Pérgamo é uma cidade da Grécia Antiga muito famosa por duas coisas: ter inventado o pergaminho (faz sentido, né?) e ter o hospital de Galeno (o tal médico famoso mesmo!), que era um hospital/templo onde nenhum paciente morria. Agora uma história de cada vez: o pergaminho foi inventado porque naquela época todo o material usado para escrever vinha do Egito, isto é, se usava papiro, mas o Egito começou a ficar preocupado com a sua dominância na área intelectual quando soube que a biblioteca de Pérgamo estava em as 3 maiores do Mundo Antigo, e eles resolveram parar de exportar papiro. O governante de Pérgamo ficou extremamente preocupado com isso, e ordenou que todos os seus sábios se voltassem para a busca de um novo material para a escrita. Então nasceu o pergaminho, que era feito de couro de cabra, e ainda era melhor do que o papiro, pois podia ser usado para escrever dos dois lados!

Agora sobre a cidade de Pérgamo. A cidade fica numa área montanhosa, e no alto da montanha tem uma acrópole (como toda cidade grega antiga). Nessa acrópole tem um templo dedicado a Zeus. Apesar de esse templo ser maravilhoso, lá nos idos do final do século XIX, início do século XX, tinha um alemão (é sempre um alemão) que estava construindo estradas de ferro pelo o que hoje é a Turquia. Ele precisava de pedras para concluir o seu trabalho, e quando perguntou para os habitantes de Bergama onde ele podia encontrar pedras, eles indicaram “no alto daquela montanha”. Bom, era a acrópole de Pérgamo, onde ficava o tal templo. O alemão ficou tão maravilhado com o que viu que convenceu o seu país a comprar (!!!) o altar do templo, por uma quantia até bastante irrisória, e o sultão vendeu.

Um belo zoom da Acrópole
Enfim, o tal templo, sem o altar (que está até hoje na Alemanha), está até hoje lá, mas ninguém pode visitar, não por causa da ausência do altar, mas porque há alguns anos o governo turco resolveu construir um teleférico para a acrópole, e eu não entendi bem qual foi o problema do teleférico com as agências de turismo ou sei lá com o quê, que por causa do tal teleférico a estrada para a acrópole está fechada e o tal teleférico não funciona. Logo, ninguém visita a acrópole. Já mencionei que a Turquia é igual ao Brasil?

Bom, além da Acrópole, bem na base do monte, tem o Hospital de Galeno (finalmente chegamos nessa história!). O Asklepion, como era chamado em grego, era um hospital que também era um templo dedicado ao Deus da Medicina da Grécia Clássica, Asclépio (ou Esculápio). Agora imagine se no templo do deus da medicina alguém poderia morrer de doença? Só se você quiser atrair a fúria dos deuses, né? Então, os gregos deram um jeitinho de impedir que qualquer paciente viesse a morrer ali: eles selecionavam os pacientes. Simples assim: se eles sabem curar a sua doença você pode entrar, se não sabem, você fica do lado de fora (e vai buscar tratamento ou pelo menos um alívio com águas termais, num lugar que mencionarei mais à frente no diário).

Você foi aceito no hospital? Ótimo. Primeiro você precisa passar por uma grande rua cheia de colunas, a Via Tecta, que leva ao santuário de Asclépio. Lá no santuário, o doente deve fazer suas oferendas ao deus (não, a medicina não era de graça) para poder ser admitido como paciente. Até hoje ainda há uma peça do altar do deus, com as serpentes, símbolo da medicina.

As colunas da Via Tecta
A entrada do Templo de Asclépio
Os resquícios do altar com as serpentes
Dentro do hospital, além de uma área redonda, onde ficavam os quartos dos pacientes (de tamanhos diferentes, imagino que fossem proporcionais à oferenda dada ao deus), que também era um templo, dedicado ao filho de Asclépio, que entrava em contato com os enfermos durante o sono, e de onde se ouvia água correndo 24h. Há também diversas piscinas termais (para banhos de temperaturas diferentes, dependendo da sua enfermidade) ligadas a uma fonte tida como milagrosa que brota água até hoje; e também uma biblioteca e um teatro. Sim, uma biblioteca e um teatro para os pacientes! Porque os gregos já faziam, além de leitura dos sonhos, psicodrama e usavam a psicologia para tratar seus doentes. Fora que é um bom passa-tempo para quem não pode sair da cama.

Uma vista geral da biblioteca (canto direito e do teatro ao fundo)
A fonte de água onde ainda brota água! Não sei se é milagrosa, mas é uma bênção no calor!
Brincando de estátua grega (pose de Isadora Duncan)
O Caike ficou animado com o teatro
Os quartos dos doentes, onde o deus falava com eles por meio de sonhos
Mas isso não é só! O templo/hospital ainda tem um grande corredor sombrio, por onde o paciente passava enquanto escutava o barulho de água corrente e os médicos/sacerdotes sussurravam por aberturas no teto: “vai se curar, vai se curar”. Certamente se a doença fosse psicossomática o paciente sairia curado com toda essa abordagem.

O corredor com os buracos no teto, por onde se dizia "vai se curar"
Depois de visitar todo o templo, o que é uma visita emocionante mesmo, aproveitei para comprar mel (imagina, na entrada da Via Tecta tinha uma lojinha cheia de ervas e de mel! Uma tentação) e barganhar com os vendedores das lojinhas para turista. E tive meu primeiro contato com os verdadeiros vendedores turcos: o lance é barganhar. Quanto mais você barganha e diz que não, e depois que sim, mais que você vai levar coisas extras por aquele preço, mais felizes os vendedores ficam. O vendedor da loja onde fiz minhas compras ficou tão animado com o jogo de compra/venda que além de me dar um presente, ainda foi me seguindo até o ônibus, tentando vender mais coisas. Mas o importante nessas horas é nunca levar nada pelo preço dado, o preço final tem que ser no máximo 70% do preço inicial, senão certamente você está perdendo dinheiro, e olha que lá tudo é muito barato. Me senti de novo no Egito.

Lojinhas para turista
As ervas e o mel!!!
Por causa dessa brincadeira acabei sendo a última a entrar no ônibus, vergonha total. E, graças a deus, fomos direto para um restaurante tipo buffet para almoçar, pois estávamos com muita fome. O tal restaurante era bem simples, mas a comida era gostosa, além de barata. Aproveitei para comer coisas típicas da região: almôndegas com arroz, uma espécie de palito enroladinho feito de queijo (divino) e salada. De sobremesa resolvi experimentar o gulag (ou pelo menos esse foi o nome que uma das meninas da excursão disse que o doce tinha). Aproveitamos também para cantar parabéns para os únicos adolescentes da excursão (filhos de um casal de Minas), que, apesar de terem alguns anos de diferença, faziam aniversário no mesmo dia.

Aproveitei também para cercar a nossa guia, Tina, para perguntar sobre a dança do ventre na Turquia, e ela me contou que os turcos amam a dança do ventre, que tem muitos shows e muitos turcos freqüentam mesmo. Mas, como nos países árabes, ninguém gostaria que sua filha se tornasse bailarina, apesar de não ter o mesmo peso/preconceito. Ela também contou que muitos turcos vão até a Capadócia só para assistir nossa brasileiríssima Clara Sussekind dançar.

No final do almoço, chamei um garçom para perguntar se eles aceitavam cartão de crédito, e qual foi a minha surpresa quando eles disseram que sim, mas me trouxeram o cartão de visita do restaurante! Morremos de rir! O pessoal do restaurante ficou meio sem graça quando mostrei meu cartão de crédito, dizendo que era isso que eu queria dizer, eles até quiseram levar o cartão de visitas embora, mas eu não deixei e guardei o cartão comigo como lembrança. Nem que seja para provar como é complicado se comunicar em inglês fora de Istambul.

Depois do almoço fizemos uma longa viagem até Izmir (que é a antiga Esmirna, cidade onde nasceu Homero, olha só que chique), que é a terceira maior cidade da Turquia. E a cidade é grande mesmo! Como o Rio de Janeiro, ela ocupa toda uma baía, com direito a barcas para ir de um lado ao outro, e ela foi completamente destruída na primeira guerra mundial, então há pouquíssimos prédios históricos para visitar, a cidade foi totalmente reconstruída e remodelada.

Izmir: os turcos adoram jardins com desenhos...
Uma mini-mesquita do século XVIII
Porque o lance é ter fontes! Essa é dois em um: fonte e relógio.
Fizemos um pequeno city tour pela cidade e depois seguimos para o nosso hotel, que também parecia muito chique, até pato de borracha tinha na banheira. Mas o andar onde ficamos era de fumantes, e os corredores e quartos fediam muito, mas muito mesmo. Deixamos o ar ligado e as janelas abertas para ver se dava uma melhorada enquanto saíamos para passear.

A prova de que havia um pato na banheira!
O hotel ficava de frente a uma praça enorme, com uma grande estátua do grande herói da Turquia: Ataturk. E ao lado da praça, começava um calçadão com gramado, o Kordón, uma beira-mar comprida, cheia de cafés e restaurantes.

Ataturk liderando os turcos

O mar estava de ressaca nesse dia
Turcos passeando e pescando pelo Kordón
Aproveitamos o final da tarde para passear pelo Kordón até o pôr do sol (novamente dica da nossa guia), e além de tomar um delicioso café turco (Caike) e um chá de rosas vermelhíssimo (eu), aproveitamos para ver os turcos andando pelo calçadão, fazendo piqueniques (aparentemente é um esporte nacional), aproveitando cada micro-sombra disponível (as pessoas quase deitavam debaixo dos arbustos para ficar na sombra), casais de todos os tipos passeando de mãos dadas (inclusive as mulheres de véu), grupos de amigos literalmente empilhados uns nos outros para tirar uma soneca, homens pescando e cachorros correndo. Era final de semana, então os turcos estavam aproveitando.

O chá de rosas e o café turco do Caike, a água acompanhando o café vinha com uma fatia de maçã
Nesse calçadão também vimos muitas charretes de passeio (uma gracinha, todas iguais com cavalos iguais), outro monumento do Ataturk que homenageava todas as classes da sociedade (professores, artistas, trabalhadores, cientistas, políticos e religiosos) e mais um monumento, dessa vez, dedicado à mãe do Ataturk.

O monumento dedicados às classes
Uma das charretes fofíssimas
Monumento à mãe do Ataturk
Enquanto estávamos sentados aproveitando a brisa no monumento das classes, ouvimos uma comoção e depois vimos uma das charretes correndo desembestada pela rua. Os condutores corriam atrás enquanto os cavalos corriam enlouquecidos em direção ao monumento da mãe do Ataturk! Os cavalos conseguiram derrubar um fradinho de metal pelo caminho e subiram com a charrete e tudo em cima do canteiro, a mais de meio metro do chão. Depois de subirem no canteiro, finalmente foram alcançados pelos condutores (um dos cavalos havia caído na peripécia) e soltos da charrete. Um dos cavalos (o que caiu) saiu mancando, tadinho, mas não parecia muito grave, pois ele conseguia apoiar a pata no chão. Juntaram diversos condutores para ajudar a controlar os animais e tirar a charrete do canteiro. Mais tarde ainda apareceu um carro da prefeitura para avaliar os estragos. Em menos de 20 minutos tudo estava resolvido. E eu e o Caike decidimos que era melhor andar a pé mesmo.

Voltamos para perto do hotel e assistimos o pôr do sol com o casal simpático de São Paulo. Apesar da sugestão da guia para jantar fora, resolvemos voltar para jantar no hotel. Quando chegamos ainda havia dupla de músicos tocando lindas composições turcas :-) . Sentamos todos na mesma mesa e descobrimos que o jantar seria estilo “menu”, uma entrada, prato principal e depois sobremesa. O rapaz de Sampa queria pedir um vinho para acompanhar e resolveu perguntar qual era o prato principal para decidir se escolheria um tinto ou um branco. Depois de muita enrolação disseram para ele que o prato principal seria um peixe e ele decidiu por um vinho branco.

Mais um pôr do sol... dessa vez em Izmir
Os músicos turcos
Chegou a entrada, era um prato muito esquisito, uma espécie de massa recheado de carne, visualmente feio, mas extremamente saboroso. Depois veio o prato principal, que não, não era peixe, era frango com macarrão. Uma coisa bem insossa. De sobremesa, um flan muito sem graça de chocolate. Devíamos ter escutado a nossa guia e jantado fora, mas já era tarde e já estávamos de barriga cheia.

A entrada era gostosa, mas meio feia... tentaram até disfarçar
Fiquei tão abobalhada com a falta de qualidade do jantar, em comparação com o que havíamos visto até então e com a vista que o hotel faz, que esqueci minha bolsa na mesa, e depois de já estar de pijama (!) precisei me trocar novamente e procurar por ela no salão. Ainda bem que os funcionários haviam guardado tudo direitinho, e foram muito prestativos para me devolver a bolsa.

Depois de tantas emoções, tomei um antialérgico (com o cheiro de cigarro do quarto só assim para poder dormir) e fui deitar, o dia seguinte prometia ainda mais!

sábado, 22 de setembro de 2012

Kisses from Kairo - Sobre ser americana



Sábado, 11 de fevereiro de 2012

Por Luna do Cairo
Traduzido por Lalitha    

Ano passado eu comprei um tecido brilhante vermelho, branco e azul e fiz uma roupa com a bandeira americana. Eu nunca tive a intenção de fazer isso, mas quando vi as lycras de estrelas e listras enquanto estava fazendo compras, simplesmente não pude resistir. Era como se o tecido dissesse para mim “me use”. Deixando a política de lado, é uma bandeira bonita. E, sim, eu sou maluca assim. :)

A roupa ficou absolutamente linda, e eu dancei muito com ela. Primeiro, eu fiquei relutante de usá-la, dada a visão não favorável dos egípcios com relação aos Estados Unidos. Mas um dia eu resolvi testar a sorte e usá-la com um público egípcio. O pior que poderia acontecer, pensei, era eu ser vaiada para fora do palco. Eu estava disposta a correr esse risco. Para minha surpresa, nada disso aconteceu. Na verdade, meu público começou a bater palmas e a gritar no momento em que eu entrei em cena. Muitos deles chegaram até a implorar para tirar fotos comigo.

Desde então eu usei essa roupa milhares de vezes. E eu sempre obtive a mesma reação. Ela então se tornou uma das minhas roupas mais populares. Eu cheguei até mesmo a receber pedidos para usá-la em alguns eventos particulares. A última vez que alguém me pediu para vesti-la foi há mais ou menos 3 semanas, quando dancei para o ex-Ministro do Interior egípcio, Ahmed Rushdie, e quando eu dancei no novo canal de TV 24h egípcio de dança do ventre, “El-Tit” (Não pergunte! :P – N.T.: em inglês “El-Tit” pode ter uma conotação bizarra, pois “tit” é seios em inglês). O show de TV foi particularmente engraçado, porque das 10 roupas que eu levei comigo o pessoal da produção insistiu que eu vestisse a bandeira. Nas duas ocasiões, eu recusei educadamente.

Apesar da minha roupa de bandeira americana ser adorada pelo público, eu jamais me deixaria ser vista usando-a hoje em dia. Especialmente na TV egípcia! Os tempos mudaram. Eu nunca imaginei que fosse dizer isso, mas ser americana no Cairo está começando a ser desconfortável. Sim, o meu árabe é bem convincente, e não, eu não ando por aí forçando ninguém a engolir a democracia, mas com todo o apontar de dedos que tem acontecido ultimamente na política, eu me sinto meio apreensiva em divulgar a minha nacionalidade (e ainda usá-la no meu corpo! :D). O que não é normal para mim, nem para o Egito. Os egípcios são conhecidos por ser um dos povos mais hospitaleiros do mundo. Eles são ótimos para distinguir entre governos e cidadãos comuns, e sempre foram tranqüilos para discutir sobre política. Tanto que eu sempre revirei os olhos quando um colega americano me perguntava incrédulo, “mas você não tem medo de dizer para as pessoas que é americana?”. Infelizmente, eu não posso mais revirar os olhos quando alguém me faz essa pergunta. Por mais que me irrite ter de dar o braço a torcer para alguns americanos de cabeça limitada, ser americana no Egito não é mais a mesma coisa. Eu passei os últimos 8 anos viajando para, estudando e vivendo em bastiões do anti-americanismo, tais como Iêmen, Síria, Cuba e Egito. E eu nunca pensei duas vezes em dizer que sou americana. Aqui e agora, entretanto, estou começando a pensar duas vezes. Ou três.

Não me entenda mal. Eu não me sinto exatamente ameaçada. (Ainda) E quem sabe? Talvez a minha sensação seja totalmente injustificada. É só porque a opinião pública popular egípcia está ficando um pouco xenofóbica. Especialmente com relação aos americanos. Ultimamente, a fofoca na “Rua Árabe” (e na mídia, e nas universidades e todo lugar) é que toda explosão de violência no Egito é resultado do trabalho de “forças externas”. Os mais acusados disso são EUA e Israel (óbvio), Irã, Alemanha e (estranhamente) Qatar. :) Tudo, desde o massacre no jogo de futebol semana passada até a própria revolução em si, é culpa de estrangeiros que querem ver o Egito em ruínas. Porquê, eu não sei, mas é isso que muitos egípcios estão dizendo. Claro que as autoridades têm tudo a ver com isso. Eles se tornaram mestres na arte política do Oriente Médio da distração, que é basicamente culpar os EUA e Israel por todos os seus crimes e fracassos. Para a sorte do exército, essa tática está se provando eficiente, porque os egípcios costumam ser muito ingênuos. Especialmente em se tratando de política. Comece uma fofoca sobre os EUA e o seu “aliado” e irão acreditar nela. O cepticismo não vai muito longe por aqui.

Além disso, os egípcios preferem acreditar que outras pessoas são responsáveis pelos episódios de violência que surgem de tempos em tempos. Em parte, por conta da longa história de interferências no Oriente Médio, e em parte, porque os egípcios chocaram a sua própria consciência nacional. Os egípcios estão sendo testemunhas de crimes que eles nunca imaginaram que poderiam acontecer nas suas terras. Desde o massacre no jogo de futebol semana passada, à violência entre Cristãos e Muçulmanos até a maldita revolução em si, é psicologicamente mais conveniente culpar forças externas invisíveis do que a si mesmos. Cada vez mais, menos egípcios estão dispostos a se responsabilizar pela revolução e por tudo o que houve depois.

A última catástrofe de uma longa lista envolvendo estrangeiros aconteceu na semana passada, a derrocada dos “19 do Cairo”. São 19 americanos funcionários de ONGs, detidos contra a sua vontade, sob falsas acusações de espionagem. Eles também estão sendo acusados de utilizar “fundos adquiridos ilegalmente” para fomentar a violência contra o regime... isto é, pagar “criminosos” egípcios para criar o massacre no jogo de futebol, para iniciar os estupros em grupo contra as mulheres na celebração do dia 25 de janeiro, etc. Bom, eu não sou partidária desses missionários da democracia que trabalham em ONGs (por diversas razões), mas de alguma forma, eu acho difícil de acreditar que os EUA tenham algum interesse em promover agitações civis. Manter relações amigáveis com o Egito tem sido por um longo tempo um dos pilares da política internacional dos EUA. Isso previne o Egito de atacar Israel e mantém o acesso dos EUA ao Canal de Suez. Nada mudou aí. Ao contrário, o que parece que está acontecendo é que o Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF em inglês) está tentando desviar a atenção de si mesmo pela terrível falha de segurança no jogo de futebol da semana passada. Esse desastre, que resultou na morte de mais de 70 pessoas, foi um grande golpe para o SCAF, que estava sendo acusado de tudo, desde negligência à conspiração. Culpar essas mortes nas “forças externas invisíveis” (ou seja, EUA e Israel), foi a brilhante idéia do exército de sair do centro das atenções. É tão óbvio. Ainda assim, o que me mata é quão prontamente os egípcios acreditam nessas coisas – o quão prontamente eles acreditam nas mesmas pessoas que os enchem de tiros quando eles protestam. Quer dizer, vamos lá gente. Isso não é complicado.

Aliás, nada disso me surpreende. Até mesmo Mubarak usava os EUA como bode expiatório toda vez que ele queria desviar a atenção negativa de si mesmo. Mas o que torna esse jogo de culpar os outros mais assustador dessa vez, é que as pessoas estão fazendo política com as próprias mãos. Diferente do período Mubarak, quando a política era terreno exclusivo do governo, as pessoas estão agora fazendo protestos e às vezes se envolvendo em episódios de violência baseados no seu novo ardor político. Isso é bom e ruim. Bom que os egípcios tenham encontrado a força de vontade e os meios de moldar o seu próprio futuro. Ruim quando eles tomam a justiça com as próprias mãos e ferem pessoas inocentes baseados em teorias conspiratórias.

É verdade que não ajuda que essas “forças externas invisíveis” não são, de todo, invisíveis. Pessoas como as dos “19 do Cairo” não são agentes invisíveis americanos da destruição. Eles são americanos comuns, expatriados, vivendo e trabalhando no Egito. Eles têm nomes e rostos e amigos egípcios. E aqueles 3 patetas que jogaram coquetéis molotov nas forças de segurança egípcias alguns meses atrás... eles eram estudantes americanos que vieram para cá estudar árabe. Eles também têm nomes, rostos e amigos egípcios. Alguém precisa dizer para esses idiotas que essa não é a luta deles. E que eles estão estragando tudo para o resto de nós. Enquanto nós apreciamos o “cometimento deles com a democracia”, eles estão apagando a tradicional distinção entre o governo americano e os cidadãos americanos. E isso está fazendo mais mal do que bem.

Apesar de eu duvidar seriamente de os “19 do Cairo” serem culpados de espionagem e sabotagem, eu acho que talvez esteja na hora deles pensarem em fechar o seu negócio. Para começar, o clima político atual do Egito não está exatamente promovendo a democracia. A maioria dos egípcios não quer a democracia. Eles a igualam à decadência moral ocidental. O exército certamente também não quer a democracia. Isso diminuiria o seu poder. Então, talvez, nós americanos devemos para de forçá-la goela abaixo. Além disso, isso não faz a gente ficar bem na foto. Especialmente quando não somos consistentes sobre esse assunto. Nós não estamos, por exemplo, forçando a democracia na Síria. Como os egípcios têm perguntado desde o início, “intu malku?” Quer dizer, “o que é isso para vocês (americanos)? (se nós temos democracia ou não)”. Eu acho que é uma pergunta válida.

Além da opinião egípcia sobre a democracia, os americanos deviam estar pensando sobre outra coisa. Democracia + Oriente Médio = extremismo religioso. E isso não nem do interesse das pessoas, nem dos EUA. É tão simples. O que não dá para entender? Ou a gente simplesmente precisa ganhar todas as batalhas, físicas e ideológicas?

Se ser americana significa acreditar que a democracia pode ser imposta em todo e qualquer lugar, então eu não POSSO ser americana. Nós não podemos impor a democracia em partes do mundo que não tem histórico de secularismo, direitos humanos e limite de prazo. E a gente não pode continuar se metendo nos problemas internos dos outros países. O que nós podemos fazer é tentar dar o melhor exemplo de democracia no nosso país, na esperança de que outros ao redor do mundo um dia verão a luz. Até lá, é melhor deixar a natureza seguir o seu curso.


*Só para constar, eu quero fazer uma roupa com a bandeira egípcia há séculos. Mas muitos egípcios me aconselharam a não fazer isso, porque dançar com a bandeira deles seria tomado como um grande sinal de desrespeito. Mesmo que eu veja como um sinal de adoração.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Desapegarte II


Mais um show beneficiente no Rio de Janeiro! Não percam a oportunidade de fazer workshops tão em conta e ainda por cima ajudando a causa animal! De quebra ainda haverá a mostra de dança e eu vou estar lá dançando!!!

domingo, 16 de setembro de 2012

Livro do mês: A Prostituta Sagrada




O livro desse mês será voltado para o estudo do feminino e não tanto da cultura árabe ou egípcia. A Prostituta Sagrada é um livro cujo título pode assustar muita gente, mas sua leitura é muito recomendada para quem se interessa por estudos do feminino, psicologia e sexualidade. Em outras palavras, tem tudo a ver com a dança do ventre e com aspectos que as pessoas às vezes gostam de evitar, mas que fazem parte sim do nosso dia a dia (ou não?? rsrsrs).

Capa da edição em português do livro
Apesar de ser um livro que trata especialmente da visão da sexualidade ligada aos antigos ritos da grande deusa, ele foi publicado por uma editora especializada em livros cristãos... o mundo tem coisas realmente curiosas, não é mesmo?

Há muito tempo que eu havia ouvido falar desse livro e confesso que demorei alguns anos para tirá-lo da estante. E graças a deus escolhi fazer isso durante uma das minhas férias, porque não é um livro fácil de ler. Apesar dele ser mesmo tudo aquilo que me tinham dito, talvez até mais, não é um livro para ler no metrô, porque não é legal parar no meio dos capítulos, justamente por conta da densidade da leitura. Em outras palavras, é um livro para ser estudado e compreendido em profundidade. Não para ser lido num final de semana às pressas.

Indico para todas as bailarinas que têm paciência para livros de psicologia e gostam do assunto do feminino, e acho, sinceramente, que tanto homens quanto mulheres deveriam ser introduzidos ao conceito da prostituta sagrada, pois pode ser a chave para entender melhor como podemos encontrar o papel do sexo e da sexualidade saudáveis. É preciso que a gente reveja os nossos conceitos, sabe? A excesso de moralidade com relação ao corpo e ao sexo, especialmente da mulher, são problemas muito graves, que levam a todo tipo de violência. Inclusive no nosso mundo da dança do ventre, que é muito influenciado pelo aspecto da sexualidade e como ela é encarada pelas pessoas.

Dessa forma, o livro faz repensar um bocado o papel da mulher e como ela é vista pela sociedade masculinizada e misógina que temos hoje, que causa tanta violência tanto no Brasil como no mundo árabe e no resto do mundo também.  Vale a pena uma leitura sem preconceitos com o título do livro, ok?

Fica a dica :-)

Quem já leu o livro, por favor, deixe o seu comentário!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Kisses from Kairo - Metamorfose



Segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Por Luna do Cairo
Traduzido por Lalitha   

Acabou de cair a ficha para mim que eu tenho morado no Cairo por mais de 3 anos. Isso é um bom tempo para quem nunca teve a intenção de viver ou trabalhar aqui. Com toda essa incerteza no ar sobre o futuro do Egito, as pessoas se perguntam por quanto tempo mais eu e outros como eu conseguirão se manter por aqui. Mas ao invés de especular sobre o futuro (de novo), eu decidi refletir sobre o meu passado e compartilhar alguns dos ajustes que eu precisei fazer como bailarina. E foram muitos ajustes, porque a dança do ventre fora do Egito é de uma espécie completamente diferente da dança do ventre no Egito. Houve ajustes na técnica, musicalidade, e até mesmo fisicamente. Houve ajustes na seleção musical e no entendimento das músicas, escolha das roupas e do público. Também houve mudanças nas atitudes, ética e comportamento.

Técnica
Talvez um dos meus maiores desafios iniciais, como uma estudante estrangeira de dança egípcia foi aprender a técnica correta. A técnica egípcia é muito mais sutil, cheia de nuances, e intrincada do que a maioria de nós aprende em casa. Os movimentos são menores e mais precisos, mais controlados e significativos (na minha humilde opinião). Ao estudar dança aqui, a primeira coisa que precisei fazer foi desaprender tudo que eu achava que eu sabia e começar do zero. Por exemplo, nos EUA eu aprendi a fazer tudo em plié. Shimmy em plié. Batidas de quadril em plié. Oitos em plié. Eu nunca havia notado o quanto eu dobrava os meus joelhos até eu vir aqui e os egípcios me apontarem isso. Não só os joelhos flexionados ficam feios, mas eles nos impedem de conseguir o máximo de glamour nos nossos movimentos de quadril. Desde então eu me estiquei e me tornei uma espécie de nazista dos joelhos, como qualquer uma que já fez aula comigo pode confirmar. :)

Eu mal havia trocado a minha técnica desleixada por um vocabulário egípcio, e eu já conheci o meu próximo desafio: diminuir o ritmo. Bailarinas não-egípcias têm a tendência de fazer muita coisa rápido demais. Se nós não colocarmos todos os movimentos que a gente conhece numa só música, se não acertarmos todo tik e tek, dum e tak, nós sentimos que não fizemos jus à música. O que não é necessariamente o caso. E como diz o bom e velho clichê, menos é mais. Diminuir o ritmo é provavelmente O melhor conselho que eu ouvi em todos os meus anos por aqui, e ele veio de ninguém menos que Sara Farouk, um dos segredos mais bem guardados do Cairo. :) Sara é a organizadora do Curso Intensivo Randa Kamel, que é realizado duas vezes por ano no Cairo. Mas mais do isso, ela é uma das melhores professoras de dança do ventre do mundo, e uma boa amiga. Ela é ótima em ver todos os seus defeitos na dança e corrigi-los. Então hoje, toda vez que entro no palco, eu penso na Sara e faço questão de diminuir o ritmo e sentir, não importa o que eu esteja fazendo.

O Show
Esses foram alguns dos ajustes técnicos que eu precisei fazer como uma estudante reaprendendo a dançar no Egito. Mas quando eu finalmente subi num palco, eu tinha milhares de outras coisas para pensar como bailarina. Para começar, os shows aqui são mais longos. Uma apresentação típica de dança do ventre em qualquer hotel, barco ou casamento dura algo entre 45 minutos e uma hora. Eles não são os shows de 15 ou 20 minutos que se faz nos EUA com apenas uma roupa. E cada show é divido em 2 ou 5 sessões, dependendo do tipo de show que é oferecido no local. A bailarina muda de roupa para cada sessão, e dança algum subgênero diferente de música egípcia. Por exemplo, na primeira parte, a bailarina normalmente vai dançar um mejance instrumental, que é como os egípcios chamam a introdução, e 1 ou 2 músicas clássicas. Isso dura em torno de 10 a 20 minutos. Então ela muda de roupa e dança a segunda parte do show por mais 10 ou 20 minutos. Normalmente, a segunda parte inclui algum tipo de folclore e música shaabi. Se for Saidi, Iskanderani (N.T.: o mesmo que Meleya Leff), Núbia ou Khaleege, a bailarina se veste apropriadamente. Para a terceira parte, a bailarina usa outra roupa de dança do ventre e continua com algo como sharqi, baladi, e um solo de derbake. Alguns shows realmente escapam desse formato, mas geralmente esse é o formato padrão de um show de dança do ventre no Egito.

Como os shows são mais longos e completos, eu realmente precisei dar uma retocada em todos os tipos de folclore – eu não podia contar com toda a (con)fusão que aprendi em casa para encher o show, porque coisas como véus wings, leques de seda, espadas e bandejas com velas simplesmente não pegam bem aqui. O público egípcio quer ver você dançar, e não fazer um número de circo. O que foi um alívio para mim, já que eu nunca realmente gostei de trabalhar com elementos supérfluos.

Música
A seleção musical foi outro problema para mim. Já que a comunidade do Oriente Médio em Nova Iorque é muito diversificada, eu podia muito bem dançar música egípcia, libanesa, síria e turca num só show. No Egito, entretanto, o gosto das pessoas para música é, bem, egípcio. :) A não ser que seja George Wassouf (N.T.:cantor sírio conhecido como o Sultão do Tarab) ou Melhem Barakat (N.T.: cantor libanês muito famoso), eu aprendi a não sair muito dos tradicionais clássicos egípcios que todos os egípcios conhecem e amam. Eu também aprendi que eu realmente preciso conhecer as letras das músicas que estou dançando. Não para brincar de mímica enquanto estou no palco, mas para estar emocionalmente envolvida com o que quer que eu esteja dançando.

Aparência Física
Fisicamente eu também passei por algumas mudanças... para melhor, gosto de pensar assim. :) Pelos primeiros dois anos que morei aqui, eu era muito magra-doente. Você podia ver minhas costelas, e eu não tinha bunda. O que é estranho, porque eu sempre fui mais para redondinha. Não é que eu estivesse de dieta ou fazendo exercícios demais. Mas eu estava, entretanto, passando por um grande estresse mental. Entre os ajustes a uma nova cultura e lidando constantemente com tipos egoístas e narcisistas, eu entrei numa onda depressiva que afetou não só o meu peso, mas toda a minha forma de ver a vida. Por sorte, consegui me firmar e fazer as mudanças que eu precisava para resgatar a minha saúde (física e mental), felicidade, sanidade e meus quadris. :) Sem mencionar meu velho e grande bumbum...

... que tem tido dificuldade em entrar nas roupas hoje em dia (graças a Deus eu vivo num raio de 5 quilômetros da Eman Zaki, e posso ter as coisas customizadas!). Acho que qualquer outra mulher estaria enlouquecendo se ela ganhasse os 11 quilos que eu ganhei desde que me mudei para cá. Mas eu não. Tenho orgulho deles. E eles me fazem bem no palco. Eu meio que gosto do jeito como cada movimento brusco que eu faço tem sempre um shimmy não intencional de eco. :P Sem mencionar que os egípcios gostam de um pouco mais de carne. Então tudo funciona. :)

O que me leva para o meu próximo ponto. As bailarinas aqui são encorajadas a escolher as roupas que valorizem e mostrem mais as suas curvas. Isso significa saias apertadinhas de lycra, que mostram cada buraquinho e depósito de celulite nas suas coxas e bumbum. Sexy. :) As roupas mais tradicionais de chiffon, cinturão e bustiê foram pelo mesmo caminho que os dinossauros. Ninguém os usa por aqui. Nunca. Ninguém usa franjas também. Tudo isso veio como um choque para mim quando eu cheguei, porque a maioria de nós usa os tradicionais bedlahs nos EUA. Com exceção da parte das franjas, eu comecei a gostar das roupas mais modernas, mesmo que elas definam os buraquinhos das minhas coxas de vez em quando. Porque, com lycra, as possibilidades são infinitas. Desde lycra com estampa de jornal até spandex cheios de lantejoulas, os tecidos strech expandiram a nossa imaginação ao extremo. E é por isso que fazer compras de tecidos se tornou uma coisa regular na minha rotina semanal. E é por isso que hoje eu tenho mais de 30 pedaços de tecido, todos aguardando para serem transformados em lindas roupas.

Atitude
Além de todas as modificações que eu fiz na técnica, seleção musical, e roupas, o maior ajuste que eu fiz (e ainda estou fazendo!) é um de consciência. Eu não pratico mais dança do ventre. Eu sou uma bailarina de dança do ventre. Quer dizer, dança do ventre não só um hobby que eu faço nos finais de semana e ganho uma grana extra. Agora é o meu trabalho em período integral, e é ele que paga as contas.

Eu também não sou mais uma produção de apenas uma mulher, como costumava ser em Nova Iorque. Em casa, eu iria para os meus shows, de CD na mão, pronta para me sacudir por 15 minutos e sair correndo para fazer a mesma coisa no próximo restaurante. Eu, eu mesma, e eu. Aqui, eu faço parte de uma equipe maior de músicos, gerentes, agentes e bailarinos... você sabe aqueles 2 a 4 caras que fazem aqueles movimentos sem graça tipo YMCA no início de qualquer show de dança do ventre? :P Eles também dividem o palco comigo quando eu danço qualquer tipo de folclore. E como nós interagimos quando dançamos Saidi ou Alexandrian, na verdade eu tenho que marcar ensaios com eles de tempos em tempos. O que é sempre divertido e engraçado. :D

Apesar de, tecnicamente, eu pertencer a uma equipe (i.e. uma banda), aqui o conceito de trabalho em equipe não se aplica exatamente da mesma forma como fora do Egito. Por exemplo, as bailarinas egípcias vêem (e freqüentemente tratam) os músicos como inferiores, não como iguais. São ferramentas. Bailarinas estrangeiras são ensinadas a agir da mesma forma. Interações desnecessárias com a banda são altamente desencorajadas, o que significa que não há camaradagem entre colegas de trabalho – mesmo que a gente se veja todo dia. Tenho certeza que a situação de cada bailarina varia um pouco, e exemplos de bailarinas que quebram “as regras”, mas normalmente essa é a dinâmica entre a banda e a bailarina. Pessoalmente, eu tento manter as coisas menos formais e mais humanas, mas nem sempre isso funciona.

As relações entre as bailarinas aqui é igualmente não amigável. Novamente, há exceções, mas na maior parte das vezes não há “irmandade” entre bailarinas de dança do ventre como temos nos EUA. Isso porque há menos trabalho do que há bailarinas, então elas tendem a ver umas as outras como competidoras, não amigas. Apesar das bailarinas do mundo inteiro estarem competindo por um número limitado de trabalhos, a situação não parece ser tão olho por olho dente por dente como é no Egito. Em Nova Iorque, por exemplo, praticamente todas as bailarinas eram (e ainda são) amigas. Nós sairíamos juntas, trabalharíamos juntas, sairíamos para beber juntas, faríamos aulas juntas, etc. Aqui, as bailarinas geralmente se evitam. Se elas interagem, normalmente é de uma forma negativa, destrutiva, como dedurar uma a outra para a polícia da dança do ventre, ou roubar as roupas umas das outras, por acaso ambas as situações já aconteceram comigo. É muito triste, dado que nós temos tanto em comum, mas eu fui avisada disso quando cheguei ao Egito. Mesmo que eu não tivesse a intenção de me apresentar, meus professores egípcios sempre me diziam para evitar fazer amizade com bailarinas. Eu vejo a sabedoria nisso, mesmo assim há algumas bailarinas que eu respeito e admiro muito, e por isso me mantenho em termos amigáveis. No final, eu não posso pautar toda a minha vida pelas regras.

O fato de eu ser contratada significa que o meu trabalho me impõe algumas responsabilidades. Assim como qualquer outro trabalho “normal”. Por exemplo, não importa o quão doente eu esteja, eu não posso simplesmente não ir trabalhar. Ou mandar uma substituta e esperar que eles gostem dela. E eu tenho que freqüentemente renovar o meu guarda-roupa. Em suma, eu preciso estar no meu auge. Porque no Egito, a bailarina é a razão da noitada. Os egípcios e os turistas vão aos locais de show de dança do ventre especificamente para ver a bailarina. Não é como nos EUA, onde os clientes freqüentam os restaurantes para comer, e oh por acaso tem dança do ventre. Quando você é uma bailarina por-acaso-tem-dança-do-ventre, você pode se dar bem sem dar o seu melhor, porque o seu público está normalmente mais interessado no frango no prato dele. Aqui, todos os olhos estão na bailarina por toda a duração do show dela. Então há muito mais pressão para que ela dê o seu melhor (isso assumindo que ela liga pra isso). No final, entretanto, isso é muito gratificante. Tanto os egípcios como os turistas apreciam demais um bom show. De fato, é muito comum que algumas pessoas do público tratem as boas bailarinas como celebridades, correndo atrás delas antes que elas desapareçam no camarim, implorando para tirar fotos com elas, beijando-as ou contratando-as para o casamento de não sei quem.

Eu nunca vou me esquecer do meu primeiro show aqui no Egito há 2 anos atrás. Foi num resort remoto do Mar Vermelho, a duas horas do Cairo. Antes que eu pudesse terminar de agradecer o público, quase todos estavam no palco comigo – crianças, pais, mães – beijando minhas bochechas suadas e me puxando para tirar foto com eles. Eu nunca tinha visto um público reagir a uma bailarina de dança do ventre desse jeito. Eu fiquei estupefata com tanto amor. Primeiramente, eu achei que era aquele público específico que era tão caloroso, mas quanto mais eu me apresentava, mais eu encontrava reações similares. E já ouvi outras bailarinas populares no Cairo contarem de experiências parecidas. O que significa que os egípcios realmente apreciam um bom show. :)

Quando as pessoas me perguntam o que tem me segurado no Cairo por todo esse tempo, eu respondo: ISSO. Saber que eu fiz as pessoas felizes com a minha arte. Saber que a minha arte é verdadeiramente apreciada pelo público. Porque além de públicos maravilhosos, praticamente tudo que vem junto com ser uma bailarina no Cairo é pura maldade. Sem dúvida, um dos mistérios do universo é como uma artista que pode fazer tanta gente feliz pode ser considerada o equivalente a uma prostituta que vai para o inferno se ela não se arrepender dos seus pecados antes de morrer. É algo de f@der os neurônios, vou te contar... se sentir como uma pecadora e uma celebridade ao mesmo tempo.

Mas uma coisa é certa: eu não sou nem pecadora nem celebridade. Mas eu aprendi a aceitar que outras pessoas me vejam dessa forma. Mas mais importante, eu sou uma bailarina diferente do que eu era em Nova Iorque. E uma bailarina diferente do que eu serei em 2 anos. Porque cada noite no palco é um aprendizado, tanto como uma dádiva.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Diario de Viagem - TURQUIA - 3° dia - Atravessando o Estreito de Dardanelos


Apesar de termos acordado muito cedo, pois nossa excursão saía às 7:10h da manhã, dormimos bem, porque deixamos o ar condicionado dos infernos desligado. Apesar de ser verão, as noites são frescas na Turquia.

Descemos para o lobby para fechar o nosso quarto e deixar nossas malas antes de tomar o que desse de café da manhã (levando em consideração que o café começava oficialmente às 7h, na teoria tínhamos só 10 minutos para comer, mas boa parte do buffet já estava exposto quando subimos para o terraço às 6:45, graças a deus!).

Encontramos novamente o casal simpático no café da manhã, para descobrirmos que pegaríamos o mesmo tour, por isso começamos a achar que o mesmo seria em português! Para mim isso seria ótimo, pois apesar de entender bem espanhol, não consigo dizer uma palavra nessa língua estranha, é só eu tentar falar alguma coisa, mesmo em portunhol, que sai francês. Complicado, né?

Eu e o Caike terminamos nosso café primeiro, e descemos para ver se o ônibus já tinha chegado. No lobby, uma baixinha de cabelos bem encaracolados e cor de fogo perguntava pelos brasileiros do hotel. Era a nossa guia, que, olha só, falava português! Confesso que fiquei aliviada. Subimos no ônibus, e como éramos uns dos primeiros a chegar, conseguimos um bom lugar lá na frente (eu enjoo muito fácil, então não posso ficar atrás nos ônibus, isso significa ter que chegar antes dos outros nos ônibus).

Depois de todos embarcarem no ônibus (inclusive o casal simpático), começamos nosso tour pelos hotéis de Istambul para catar todos os demais brasileiros que havia chegado com a gente dois dias antes, e mais alguns que ainda não havíamos conhecido.

Nossa guia era uma turca chamada Tina, ruiva-fogo de cachos tipo anjinho mas com estilo rebelde, olhos claros, mais baixa do que eu (assim considero pessoas que precisam de sapato plataforma para ficar da minha altura rsrsrs), muito simpática e fanática por pôr do sol (ela passaria os próximos dias dando dicas de onde ver o pôr do sol).

Ela começa o nosso tour dando dicas sobre Istambul (afinal, a maioria de nós voltaria para ficar mais alguns dias na cidade no final desse tour), e falando do aqueduto pelo qual passamos e que juramos que era a Lapa. Depois ela começou uma grande aula sobre a Turquia.

A Lapa em Istambul

Mapa da Turquia
A Turquia é um país que fica bem na divisa entre a Europa e a Ásia (pedi para liberarem meu cartão de crédito para os dois continentes por via das dúvidas), e tem 3% do seu território localizado na Europa, enquanto os outros 97% ficam na Ásia Menor, também conhecida como Anatólia. Istambul é a cidade que fica exatamente nessa divisa, e é a única cidade do mundo que pertence a dois continentes. A Anatólia foi berço/passagem/morada de diversas civilizações, entre elas os hititas, gregos, romanos e turcos. O nosso tour com a Tina incluiria muitas coisas interessantes de todas essas culturas!

E no nosso primeiro dia de viagem, fomos contornando o Mar de Marmara e passando pelos balneários frequentados pela galera de Istambul, algo parecido com Cabo Frio, só que sem areia nas praias e com aquele azul magnífico que só o Mediterrâneo tem (apesar da costa oeste da Turquia ser predominantemente do Mar Egeu, ele não deixa de ser uma continuação do Mediterrâneo, por isso tem a mesma cor, o Mar de Marmara também tem, apesar de ser bem menos salgado e de só se comunicar com o Egeu através do Estreito de Dardanelos).
Ao sair de Istambul vemos que a Turquia tem energia renovável!

Um dos principais produtos agrícolas do país: girassol!

Balneário com o Mar de Marmara ao fundo

Depois dessas primeiras explicações sobre a Turquia (que eu vou colocando aos poucos, senão fica chato e eu vou adiantar a viagem), fizemos uma "parada técnica", com direito a banheiro e lanchinho. Os banheiros na Turquia, na maioria dos lugares, são pagos, custa 1 lira turca para usar (equivalente a 1 real), mas são todos satisfatoriamente limpos (melhores do que de muito barzinho no Rio). Vale a pena guardar as suas moedinhas para essas ocasiões. Só tem que tomar cuidado para não pegar um banheiro turco (aquele que só tem um buraco no chão), que é complicado de usar.

Eu também aproveitei a parada para comprar umas besteirinhas para comer (coisas que chegaram em sua maioria intactas no Brasil, acredita? Só abri uma balinha de melancia deliciosa, que é igual ao Trident de melancia, mas que está até hoje na minha bolsa) e o Caike comprou um café com chocolate em lata da Nestlé que ele detestou, mas que eu achei aceitável, portanto, acabei bebendo o café todo.

Depois de uns 25 minutos voltamos para o ônibus, e a Tina, toda solícita, resolveu colocar o programa do Amauri Junior sobre a Turquia na TV do ônibus. Eu entendo a boa vontade dela, e ela foi muito simpática arranjando o vídeo, mas, sério, o Amauri é pura V.A. (vergonha alheia). Os comentários eram tão ruins que até o ônibus ficou com vergonha e o mapa pendurado no teto na frente da TV passou o dia inteiro caindo e tampando o programa.

Paramos para almoçar na cidade de Gelibolu, numa região conhecida como Galipoli, que foi palco de uma das batalhas mais sangrentas da Primeira Guerra Mundial, e foi justamente nessa batalha que o futuro fundador da Turquia moderna, Ataturk, fez fama como militar. Falarei mais dele nos próximos posts. Fomos todos a um restaurante do lado do porto onde pegaríamos uma barca para atravessar o Estreito de Dardanelos, saindo da Europa e indo, pela primeira vez na nossa viagem, para a Ásia!

Mapa do Estreito de Dardanelos com os lugares por onde passamos!

Uma das barcas vista do restaurante
O restaurante era muito interessante, você montava o prato escolhendo a carne e os acompanhamentos, sendo que cada item tinha um preço fixo. Eu e o Caike achamos que era melhor montar o nosso prato dividindo os acompanhamentos, pois eles eram bem servidos, e assim teríamos mais variedade por um preço mais em conta. Escolhemos também um peixe que lembrava badejo, mas que tinha um nome impronunciável. Pedimos de acompanhamento uma salada, com tomate e pepino, arroz branco e berinjela (que vinha com uma pimenta verde imensa que não dava para comer, o Caike tentou e quase passou mal). O peixe demorou séculos para chegar (já tínhamos comido quase todo o acompanhamento), mas valeu a pena a espera, porque estava divino! Derretendo como manteiga na boca...
Nós no restaurante interessante, com direito a almoço ao lado do mar...

Os acompanhamentos sem a pimenta bizarra

O peixe maravilhoso!
Depois do almoço, voltamos ao ônibus para ele poder entrar na barca que nos levaria para Lapseki, do outro lado do Dardanelos. A viagem durou 25 minutos de muito vento e um sol delicioso, que muita gente evitou, ficando na parte fechada do barco, que tinha uma área com cadeiras para os passageiros aproveitarem a vista durante a travessia. Uma delícia :-)

Pescadores

Os carros e o nosso ônibus dentro da barca

Solzinho gostoso...

Ventava tanto que até o meu curtinho ficou bagunçado!
Chegando na Ásia fomos visitar o sítio arqueológico de Troia, que realmente existe! É bem destruído comparado com outros sítios arqueológicos da Turquia, mas vale a visita! Primeiro você descobre que foi um alemão maluco que descobriu a localização de Troia, e isso porque ele era fanboy do Homero e da Ilíada. Apesar de ter nascido pobre, ele cresceu ouvindo essas histórias da Ilíada, e quando ele cresceu e ficou rico, ele se casou com uma grega, Sofia (fanatismo em níveis épicos, gente), e resolveu largar as suas empresas nas mãos de administradores e ir para a Turquia catar Troia, só com o livro de Homero nas mãos. Daí você vê que Homero era bom, porque o alemão achou a cidade, mesmo com ela não estando mais na costa, por conta de séculos de terremotos que aterraram o mar.
Na entrada do sítio arqueológico não podia faltar um cavalo!

O que restou da entrada de Troia II

Um poço de Troia 1

Nossa guia de cabelos de fogo mostrando a muralha de Troia VII
Parece um teatro, mas é um bouleuterion, local onde se realizavam as assembleias populares
Então ele bancou a escavação de Troia, e na sua avidez por encontrar o tesouro de Helena, acabou fazendo alguns estragos na cidade histórica. Pois não há uma Troia, são 9 Troias! Uma construída em cima da outra, e destruídas por terremotos ou incêndios. A Troia de Homero é a n° 6! E realmente nessa época a cidade participou de uma guerra contra os gregos e perdeu, portanto a cidade n° 7 já é grega.
As camadas sobrepostas das Troias
Voltando ao Alemão, ele, ao tentar achar o tal tesouro, acabou fazendo estragos em algumas construções importantes e deixando impossível diferenciar as camadas por onde ele passou, mas ele foi recompensado mesmo assim, pois ele achou o tal tesouro! Arqueólogos posteriormente negaram que o tal tesouro pudesse ser de Helena, pois os testes o dataram como sendo anterior a Troia n° 6, mas fanboy como ele era ele nunca acreditou nisso. E pior, ficou tão fascinado com a sua descoberta, que após fotografar Sofia (a sua própria Helena grega) coberta pelo tesouro, ele fugiu de volta para a Alemanha com ele. O governo turco tentou recuperar o tesouro após a Segunda Guerra Mundial, mas nessa época ele já havia desaparecido da Alemanha, roubado pelos sovietes. As jóias hoje estão na Rússia.

O estrago do alemão. Tudo o que se vê ao fundo era mar!

O tesouro encontrado pelo alemão, que foi datado como sendo de Troia II, e sua esposa Sofia usando as jóias
Depois de todo esse drama, fomos para a cidade mais próxima, Çanakkale, onde ficamos hospedados no Hotel Kolin. O hotel era muito bonito, mas muita coisa era só aparência, pois os elevadores tinham problemas crônicos de não guardarem os andares apertados, ele parava no próximo andar e simplesmente apagava os demais solicitados. Teve gente fazendo longas viagens até o quarto. E isso nos elevadores que estavam funcionando! Tinha elevador parado também. Acabamos por usar o de serviço, que pelo menos funcionava.
Dentro do hotel chiquetoso
A vista do quarto era desbundante, dando para uma baía linda com aquele azul! Como era cedo, e o sol se punha muito tarde, fomos direto para a piscina (e novamente vimos que o hotel tinha muito mais aparência do que qualidade... áreas fechadas sem explicação, o sistema de toalhas era largado, e havia poucas placas indicando o caminho das coisas - caminhos que não estivessem fechados). A tarde estava linda e quente, mas a piscina estava estupidamente gelada. Nem o Caike conseguiu entrar, segundo ele por causa do vento, que realmente era muito forte e contínuo.

A vista do quarto

Piscina impossível de entrar
Depois fomos dar uma olhada na "praia", que era de concreto, mas o mar tinha aquele azul... então tomamos um banho rápido e corremos para o supermercado que tinha em frente ao hotel, e valeu muito a pena! Pois a água que custava 4 liras turcas no quarto, saiu por 25 kuros (centavos). Procuramos também um redbull para o Caike, mas não eles não vendiam a latinha separada, apenas aquelas caixas imensas.
Praia de concreto
Saímos do supermercado (com as águas na mochila, porque era proibido entrar com elas no hotel, claro) e fomos direto assistir ao pôr-do-sol, indicação da Tina, claro. O sol se pôs era 20:30h, e apesar de ter sido mesmo um espetáculo lindo e romântico, estávamos com fome. Então fomos jantar.

Realmente imperdível :-)

O buffet do hotel tinha a mesma característica: a cara era linda, mas a qualidade... as saladas eram mesmo boas, mas as carnes e pratos quentes eram ruinzinhos. Mas além das saladas, tinha uma espécie de quentão sem álcool, muito gostoso, e as sobremesas... uau! Comi de tudo um pouquinho! Uma marmelada estranha que eu acho que era de abóbora, um tipo de manjar de canela, um doce esquisitíssimo de pistache, mas que era muito gostoso, um outro doce de mix de castanhas (o melhor deles) e, por fim, um tipo de pudim libanês, só que sem água de rosas e com avelã (em outras palavras, sem graça).

As sobremesas! Em cima à esquerda o mix de castanhas, do lado, o pudim. No prato a "marmelada", o doce de canela e o esquisitinho de pistache.
E depois dessa maratona, o jetlag nos pegou de vez, e fomos dormir... o dia seguinte também prometia!