AVISO IMPORTANTE:
Então, gente, antes de entrarmos no material relativo ao primeiro capítulo do livro da Dina, quero ressaltar que apenas as partes em itálico e entre aspas são trechos traduzidos do livro (as traduções são minhas e às vezes contem alguma adaptação para facilitar o entendimento do trecho fora do texto completo), e deixo claro que não traduzi o livro inteiro, apenas algumas passagens que julguei importantes ou bonitas. Todo o resto do material é uma compilação de informações contidas no livro e de pesquisa própria minha feita na internet ou na minha biblioteca particular.
O material aqui exposto está todo dividido por capítulo (um capítulo por post, sempre) e cada capítulo está dividido em tópicos para tornar a apresentação mais dinâmica. Adotei essa divisão por pura comodidade e para tornar o material mais didático, o livro não está dividido dessa forma.
2. Mamãe
- Dina Talaat
Dina Talaat nasceu em 12 de abril de 1964 (para quem curte signos, ela é ariana), em Roma, na Itália, seus pais eram egípcios. Seu pai trabalhava como correspondente do Middle East News Agency. Sua mãe trabalhava numa agência de imprensa italiana (mas segundo a Wikipedia ela trabalhou como secretária do embaixador indiano em Roma). Ela tem uma irmã dois anos mais velha chamada Rita, que segundo a Wikipedia, foi cantora.
Dina viveu em Roma até os 5 anos (1969), quando seus pais voltaram para o Cairo, e seu pai se instalou em Agouza (bairro do Cairo), próximo do Nilo.
Dina lembra muito pouco dessa época, sabe apenas que era muito feliz.
- As origens da sua família
Seu avô por parte de pai é um homem sério, exceto aos domingos, quando apostava em corridas de cavalo. Ele é de Dishna, um povoado grande perto de Qena, na região chamada Saïd, no Alto Egito (fica no sul do país). Essa é uma região rural, cheia de tradições fortes e muito conservadora. Até hoje o thar, código de honra, é seguido e se lê nos jornais locais histórias de vendetas.
Mapa do Egito com a cidade de El Minya e Qena |
- A volta ao Cairo
A família volta ao Cairo quando Dina tem 5 anos, e vão morar no bairro de Agouza, perto do Nilo. Nessa época, 1969, as mulheres andavam de cabeça descoberta nas ruas, usando vestidos que deixavam pernas e braços à mostra, e usavam lindos penteados. Somente as mais velhas usavam véu. E as camponesas usavam seus trajes tradicionais. A sociedade era misturada, tolerante e mesmo assim, religiosa.
- A morte de sua mãe e o segundo casamento do seu pai
Pouco tempo depois de voltar ao Egito, Dina fica sabendo que sua mãe morreu. Logo depois seu pai se casa novamente e tem mais 2 filhas. Dina sente muito a falta da sua mãe e sofre.
"Felizmente a Rita está comigo. Ela se faz de irmã, mãe, melhor amiga e confidente. Ela é mais sábia do que eu, menos rebelde, sabe acalmar minha raiva e suavizar minha vida."
- Sua escola – sua primeira aula de dança
Em 1973, aos 9 anos, Dina muda de escola com a irmã mais velha. Elas deixam de frequentar um colégio franciscano onde aprendiam italiano e francês, e passam a estudar numa escola de moças anglo-árabe. Nessa nova escola, além do ensino clássico, elas podem fazer outras atividades, como teatro, canto, costura, cozinha e dança.
"Era um curso de danças folclóricas das províncias egípcias. Meu pai me inscreveu sem nem imaginar que isso vai virar a minha vida de cabeça para baixo. Ou, mais exatamente, que eu vou finalmente achar sentido na minha vida. Porque, desde o primeiro minuto de aula, eu percebo que nada mais seria como antes. Eu escuto a música e a sinto vibrar até a ponta dos meus dedos, eu a vivo!Nesse curso de escola Dina aprende diversas danças folclóricas e o seu primeiro espetáculo é de uma dança fellahi, onde as mulheres vão pegar água. A coreografia prevê que uma das alunas será solista, e claro, depois de muito se dedicar, Dina consegue o papel que tanto almejava.
Toda manhã eu saio de casa feliz. Apenas alguns metros nos separam da escola, mas eu faço esse caminho todos os dias dançando.Tenho dificuldade em me concentrar nas outras aulas, eu só penso numa coisa: a próxima aula de dança."
"É o dia mais lindo da minha vida! Como estou feliz! Eu sei o que sou! Sei o que vou ser toda a minha vida! Bailarina, bailarina, eu fui feita para dançar!"
Nessa época sua família aceita a sua escolha e o seu pai a matricula na companhia de dança de Ahmad Fouad Abdallah, uma famosa escola de arte para crianças entre 10 e 16 anos, onde diversos atores conhecidos se formaram. Ela ensaia até 3 vezes por semana, no clube da juventude. Ela aprende canto, balé e dança folclórica. É nessa escola que Dina adquire o gosto pela disciplina e pelo treino árduo.
No mesmo local uma companhia profissional de folclore também faz os seus ensaios e ela é aceita entre os bailarinos profissionais em 1976, aos 12 anos.
"Nessa época ninguém ligava que nós dançássemos. Ao contrário! Os egípcios, por natureza, são alegres e amam as artes, a dança, o canto, os risos. Nós somos como os brasileiros. Como eles que nascem com o samba no pé, nós temos essa alegria e esse ritmo entranhados no mais profundo do nosso ser. É nossa natureza. Nós somos feitos disso. Nessa época ninguém brigaria com uma criança por ela estar dançando."
- Brigas com o seu pai
As brigas com o seu pai são freqüentes durante a sua adolescência, Dina é considerada rebelde. E um dia, numa briga, ela consegue os contatos da sua avó materna. Desde que o seu pai tinha se casado novamente, Dina e a irmã, Rita, não viam a família da mãe. Mas nesse dia ela telefona para a avó, querendo contar tudo o que acontece com ela e chorar suas mágoas. Para sua surpresa a avó diz que a mãe ainda está viva.
Ela explica que quando a família voltou de Roma, Zeinab pediu o divórcio, o que era chocante e impensável nos anos 70 para uma mulher. Como as duas famílias eram muito patriarcais, ao pedir o divórcio ela foi obrigada a aceitar nunca mais ver as filhas, além de abrir mão de todos os seus bens (do dote que recebeu ao casar). Para acalmar as crianças, foi dito a elas que a mãe tinha falecido, e toda vez que ela tentava falar com as filhas lhe era dito que as mesmas não queriam falar com ela.
Como uma mulher sozinha não pode viver no Egito, logo depois ela se casou novamente. Seu novo marido arranjou um emprego no Qatar e ela não teve opção, teve de partir com ele.
- O reencontro
Apesar de não lembrar mais do rosto da mãe, Dina marca de reencontrá-la e as duas choram de alegria num emocionante reencontro.
"Hoje você vive comigo. Você não me deixa mais. Você está ao meu lado quando a sorte me dá as costas, você é meu porto seguro quando me atacam, você é, como Ali, meu sol, minha vida."
Aguardem o próximo capítulo!
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