segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Diário de Viagem - TURQUIA – 5° dia – As grandes maravilhas turcas do mundo antigo


Nesse dia acordamos absurdamente cedo, pois a idéia era chegar em Éfeso no máximo às 8h da manhã (dali a alguns dias eu precisaria rever o meu conceito de absurdamente cedo). Tomamos nosso café da manhã no mesmo local que foi servido o jantar, e novamente o serviço e a comida foram ruins. Sério, houve um momento em que o pão tinha acabado, e ficou uma fila imensa para esperar chegar a próxima leva e cada um poder se servir. A pouca variedade de comida simplesmente não combinava com o hotel, apesar de combinar com o cheiro horroroso de cigarro do nosso quarto.

Pegamos então o nosso ônibus (era sempre o mesmo, com o mesmo motorista, Selim – uma simpatia que ainda fornecia água geladinha no ônibus por um preço amigável) e fomos para Éfeso. Agora vou fazer uma pequena pausa, só para explicar que nada se compara a Éfeso. Tudo o que já tínhamos visto até então (e eu havia avisado o maridão disso, pois fui a Éfeso em 97) não chega aos pés de Éfeso. Talvez o Egito, mas o Egito é em outra escala, e mesmo assim não tem uma cidade inteira para visitar. Pois é, é isso mesmo, Éfeso é uma cidade-museu. Ela foi abandonada e ficou escondida debaixo da terra por muitos séculos.

Para melhorar, nela ficava uma das 7 maravilhas do mundo: o Templo de Ártemis, que hoje está completamente destruído, tendo sobrado apenas 1 pilastra de pé e mais nada. Além disso, ela é conhecida por ser mencionada na Bíblia, no livro do Apocalipse, como uma das 7 igrejas da Ásia.

O que sobrou do Templo de Ártemis, uma das 7 maravilhas do mundo antigo
E só para ter uma idéia de como esse sítio arqueológico é grande, Éfeso, no seu auge, chegou a abrigar 250 mil pessoas, sendo a segunda maior cidade do mundo nessa época. Não é pouca coisa! Mas a cidade perdeu importância, conforme o seu porto deixou de existir, ao ser assoreado pelo rio Caístro.

Éfeso é habitada hoje em dia pelos gatos, que são uma atração a parte!
A visita a Éfeso começa por uma larga avenida (até o chão é original), por onde se vê diversos tipos diferentes de templos, e alguns prédios mais diferentes, como um banheiro público, usado pelos nobres. No meio dessa avenida tem um portal que é conhecido como portal de Hércules, pois tem uma estátua da figura mitológica esculpida em suas pilastras. Dizem que quem consegue passar pelo portal colocando as mãos nas suas duas extremidades ao mesmo tempo terá um pedido atendido. Confesso que eu nem tentei, mas o Caike conseguiu facilmente.

A Avenida já quase no final...
Caike no Portal de Hércules
No final dessa avenida tem uma praça, que é onde fica a Biblioteca de Celso, uma das maiores atrações de Éfeso! A fachada ainda está de pé, e é uma das coisas mais lindas do mundo! E de frente para a biblioteca aproveitamos para tirar uma linda foto em grupo com o pessoal do tour! Era na mesma praça também que ficava o bordel da cidade... em uma das outras ruas que chegam lá há até mesmo um anúncio gravado na pedra do calçamento louvando a beleza das suas mulheres... provavelmente o anúncio mais antigo do mundo da profissão mais antiga do mundo (mas infelizmente essa rua estava em restauração e não pudemos ver ao vivo).
A praça com a biblioteca de Celso ao fundo!
Atravessando mais um arco, chegamos numa grande área aberta, onde há mais uma avenida, dessa vez sem prédios visíveis, além do teatro... esse sim é a maior atração da cidade museu! Com espaço para 25 mil espectadores, o teatro é simplesmente gigantesco! Ele é tão grande que é preciso ficar numa boa distância para poder enquadrá-lo numa foto!

O arco que dá para o anfiteatro
A vista do alto da arquibancada do teatro
O tamanho do monstro!
Agora como foi a minha segunda visita a Éfeso, uma das minhas maiores diversões durante a visita (além de me deslumbrar novamente com o lugar e me divertir com os gatinhos que habitam as ruínas) foi ver a cara do Caike! O assombro dele era lindo de ver!

Mas ainda bem que fizemos essa visita de manhã cedo, pois as ruínas de Éfeso ficam lotadas depois de certa hora da manhã, além do calor tornar a visita infernal depois das 10h, pois não há sombra! E como as pedras são todas brancas (incluindo o piso original), o calor todo reflete em cima da gente... a garrafinha de água se mostra essencial! Ainda mais porque não há fontes nem lojinhas no museu a céu aberto.

Mas na lojinha do lado de fora do museu eu me senti na Grécia! Um monte de estátuas gregas lindas... aproveitei para aumentar a minha coleção, é claro.

Saindo de Éfeso, fizemos uma parada numa loja de um dos produtos mais tradicionais da região: o couro. E não é um couro qualquer! Sabe aquelas marcas de alta costura das mais caras que você puder imaginar? Pois bem, elas todas fazem as suas peças de couro nessa região da Turquia, pois é nesse local que se produz um dos couros mais finos leves e resistentes do mundo! Coisa chique mesmo. Só que indo direto na fábrica as coisas saem bem mais baratas. Mas isso é só em comparação com os preços praticados na Europa e nos EUA, porque nada ali é realmente barato não.

A visita foi extremamente divertida, pois fomos recebidos com um DESFILE de moda, com direito a bloquinho para você marcar o número das peças que você gostou para ver melhor na loja depois. O desfile foi bem bonitinho, com direito a coreografia marcada com a trilha sonora e tudo, além da participação especial de turistas escolhidos na hora. Turista para se divertir mesmo precisa saber pagar mico com um sorriso no rosto :-)

Pelo menos a visita foi bem tranqüila, pois eles só recebem um ônibus de turismo por vez...

Pois se Éfeso estava cheio, nada me preparava para a atração seguinte: a casa da virgem Maria. A visita em si é bem chatinha, pois não há nada para ver a não ser uma casa construída em cima do suposto local onde a virgem passou os seus últimos anos, que tem uma capelazinha (a história de como se “descobriu” a localização dessa casa pode ser encontrada na história de AnnaCatarina Emmerich). Tem também uma fonte de água que dizem ser benta (a lojinha do local até vende essa água engarrafada em potinhos fofinhos de diversos tamanhos – nós inclusive compramos um para a mãe do Caike, mas trocamos a água pela água da fonte só para garantir) e uma parede imensa onde as pessoas prendem pedaços de papel com pedidos para a virgem. Para se ter uma idéia da falta do que fazer, o que o Caike mais gostou da visita foi uma cisterna do século I.
A cisterna do século I
Apesar da visita ser sem graça para não-católicos, os cristãos pareceram gostar muito, havia inclusive um grupo acompanhado de um padre que estava fazendo uma missa ao ar livre. Além disso, no local há um restaurante bem legalzinho, com uma comida honesta. E como não tínhamos muito que fazer, aproveitamos para almoçar com calma, o que foi bom.

Nosso almoço na Casa da Virgem
Saindo da Casa da Virgem, fomos para Pamukkale, que também é conhecida como o Castelo de Algodão. Lembra do Hospital de Pérgamo? Os doentes rejeitados pelo hospital peregrinavam para esse local, que é uma grande estrutura gerada por erupções vulcânicas e por fontes termais ricas em cálcio. O nome é auto-explicativo quando se vê o lugar...

O Castelo de Algodão
Com suas rochas extremamente brancas e piscinas naturais que se seguem em cascata, a montanha parece mesmo feita de algodão. Segundo a guia toda a estrutura é natural, mas um engenheiro do grupo duvidou muito disso! Natural ou não, a vista é deslumbrante! E a água das piscinas é uma delícia de quentinha!

Aproveitando a água quentinha...
Agora, Pamukkale é mais uma prova de que a Turquia e o Brasil são muito parecidos, pois no momento a atração está passando por uma revitalização delicadíssima, porque há alguns anos suas fontes e piscinas ameaçaram a secar completamente! Sabe por quê? Porque construíram alguns resorts nessa região que resolveram desviar as nascentes naturais que abasteciam o Castelo de Algodão para usar nas suas piscinas particulares. Triste, né? Quando se descobriu a razão pela qual Pamukkale estava secando foi uma comoção nacional! E os resorts foram devidamente demolidos. Porém o estrago já estava feito, e agora geólogos e engenheiros estão tentando reverter o processo, o que inclui o fechamento de metade das piscinas ao público.

Mas demos sorte, pois pegamos a maioria das piscinas abertas ao público cheias (o que não acontecia desde o ano passado segundo a nossa guia). E pudemos desfrutar das águas termais misturadas com o pó de cálcio, que geram uma espécie de laminha que é muito gostosa de passar na pele (e dizem que ainda faz bem). As primeiras piscinas foram mais difíceis de visitar, pois o chão é cheio de pedrinhas e dói andar descalço (não pode entrar de sapatos, nem chinelo), porém as piscinas seguintes são bem mais fáceis de visitar, pois o chão vão ficando cada vez mais “amigável” conforme se desce a estrutura.

A laminha...
Além disso, em Pamukkale tem as ruínas de outra cidade grega importante: Hierápolis. Não chegamos a visitar as ruínas com calma, apenas passamos por elas para chegar ao Castelo de Algodão, vimos o anfiteatro de longe, mas demos um pulinho da Antique Pool, que é uma piscina pública, onde se paga entre 20 e 30 liras turcas (entre 20 e 30 reais) para entrar na água. O legal dessa piscina é que ela foi construída em cima das ruínas, então você pode simplesmente nadar entre as colunas gregas... não é o máximo?

As colunas dentro da Antique Pool...
O teatro de Hierápolis ao fundo
Outra coisa interessante sobre Hierápolis é que é nessa cidade que se encontra a maior necrópole do mundo antigo! O que é bastante óbvio, dado que todos os doentes terminais iam para lá em busca de um milagre nas fontes termais.

Depois de visitar a Antique Pool, saímos correndo para tentar chegar a tempo no ônibus (não queríamos ser os últimos a chegar de novo), e nos perdemos. Acabamos por pegar um caminho muito maior do que o previsto, mas ainda assim não fomos os últimos, ufa!

Fomos então para o nosso hotel do dia, um hotel com uma estrutura bastante simples (parecia um hotel fazenda brasileiro), mas com um mini parque aquático com piscinas termais que jamais se encontraria por aqui. As piscinas termais na verdade era uma sucessão de piscinas ligadas a uma piscina do tamanho de uma jacuzzi, essa sim alimentada pela fonte termal, e conforme se distanciava da fonte mais fresca ficava a água. Uma delícia no final de um dia estafante e tão cheio de visitas. Mas como em toda piscina termal, só pudemos ficar no máximo 20 minutos, pois senão o corpo começa a reclamar do excesso de calor.

Além da piscina, aproveitamos para experimentar um novo conceito de limpeza de pele: o doctor fish! São peixes bem pequenos que se alimentam de pele morta, eles são colocados num aquário onde você põe os seus pés e deixa-os fazer um trabalho melhor do que qualquer pedólogo. A sensação é muito engraçada, pois no início você sente muita cosquinha com os peixes te mordiscando, mas depois de um tempo nos acostumamos e a sensação passa a ser gostosa. E como ficamos de papo com a moça responsável pelos peixes, ainda ganhamos uns minutinhos extras de presente pela nossa lua de mel. Se alguém souber de um lugar no Rio de Janeiro onde tem esse peixe (por um preço razoável!) me avise! Nunca vi o meu pé tão bonito...

Doctor Fish em ação!
Depois de toda a bagunça, voltamos para as águas, mas dessa vez para tomar banho! E novamente nos divertimos, pois no banheiro havia uma plaquinha com as políticas do hotel com relação ao uso da água e das toalhas... só que o inglês não fazia o menor sentido! O Caike riu até não agüentar mais! Só paramos de rir quando vimos o preço do frigobar, acho que era o mais caro de toda a viagem!

A plaquinha em "ingrish"
Para fechar o dia com chave de ouro, o jantar foi servido ao ar livre, com direito a violão ao vivo! Uma delícia! Um dos pontos altos do jantar foi um tipo de panqueca grossinha (parecia quase um pão) recheada de queijo e ervas... uma delícia! E aproveitamos para levar uma garrafa de 2 litros de água para o quarto, pois ela saía mais barata do que as garrafinhas de 500ml do frigobar.

O ambiente estava tão agradável que nos deixamos ficar até sermos expulsos pelos garçons e a comida ser toda retirada do Buffet. Por conta disso, fomos dormir muito mais tarde do que prevíamos, e o dia seguinte prometia ser muito cansativo, pois passaríamos a maior parte do dia no ônibus em direção à Konya...

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