quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Diário de Viagem - TURQUIA - 1° dia - Chegada a Istambul


Vamos começar onde todas as viagens de respeito começam: no freeshop. A não ser que você seja um passageiro atrasado, sua conexão seja curtíssima ou você não curta, toda viagem começa por um passeio pelo freeshop. Que seja para matar o tempo, para comprar algo que você esqueceu, fazer a lista da volta ou simplesmente fazer compras mesmo, o lance é passear pela lojinha de preços em conta (mas em dólar, precisa fazer umas contas básicas) e de itens raros no Brasil.

Claro que eu não fiz diferente e aproveitei para passear pelo freeshop de São Paulo, onde fiquei esperando pela minha conexão por míseras 6 horas (por que eles fazem isso com a gente??? Por que???). E confesso que a tal listinha de compras foi quase toda feita nesse momento, com a ajuda de uma bicha muito louca e muito simpática da M.A.C. (ele se definiu assim, ok?). Daí eu descobri que se você faz compras na ida, tem direito a desconto nas compras da volta! Fica a dica.

Depois de muito esperar e passear, entramos no avião (ah, sim, eu estava acompanhada do maridão, nossa lua de mel :-) ) da Turkish, e daí eu descobri que a Turkish está entre as 10 melhores empresas aéreas do mundo! Cada um tinha a sua própria TV com direito a controle e acesso a um conjunto enorme de filmes, jogos e música (incluindo uma bela seleção de música turca e alguns filmes indianos cujos títulos - em inglês - davam muito medo). Como o vôo era noturno, mas a gente chegaria por lá às 17h da tarde, eu juro que tentei ficar acordada, mas acabei dormindo boa parte do tempo, só vi 1 filme, 1!!!! E, não sei se foi a turbulência, mas passei o vôo inteiro enjoada, o que foi uma pena porque juro que a comida era boa (e não estou considerando o padrão-avião, a comida era boa mesmo). Mas valeu porque guardamos 2 garrafas de vinho francês na bagagem, que acabamos levando para o hotel, o que foi legal (mais detalhes sobre o que  fizemos com o vinho virão nos outros dias).

Nesse espaço de tempo, aproveitamos também para ler o guia de Istambul (o maridão ainda não tinha lido nada, pode? Não que eu tenha feito muito melhor, só fui ler na semana da viagem) e um guia rápido de conversação em turco, desses para turista mesmo. Juro que eu já tinha ficado desanimada com esse guia (turco é uma língua absolutamente alienígena, não lembra nada, nem árabe), mas quando ouvi as aeromoças e o piloto, desisti de vez. Jamais vou aprender turco. É impossível.

Chegando em Istambul, aproveitei para apreciar a paisagem típica de um aeroporto internacional: pessoas do mundo inteiro perdidas andando de um lado para o outro e uma mistura linda de línguas e cores (sério, eu gosto de ver isso, dá uma noção do que deve ter sido a Torre de Babel). E o número de pessoas que errava a fila dos passaportes era imensa (turco é ininteligível e nem todos sabem inglês, né? claro que todos preferiam tentar a fila menor, que era a dos cidadãos turcos), e sabe que duas mulheres de véu (supostamente muçulmanas praticantes, portanto) furaram a fila na nossa frente??? Fiquei indignada. Mas não queria ver meu visto ser negado logo na entrada do país e fiquei quieta, puta, mas quieta. E sinceramente, acho que fiz bem, porque o cara do visto que nos atendeu olhou os nossos passaportes falando no celular!!!! Sério! Acho que ele nem percebeu que éramos brasileiros, nem olhou a nossa cara para ver se batia com as fotos do passaporte. Abriu, carimbou e continuou batendo papo animadamente. Era apenas uma amostra do que eu descobriria sobre a Turquia, mas vamos chegar lá.

Depois disso passamos rapidamente pelo freeshop de Istambul, e, gente, deixou o de Sampa no chinelo só de olhar. Mas eu iria explorá-lo na volta, porque não queria demorar para ir para o hotel e aproveitar para fazer um primeiro reconhecimento da área em volta dele.

Como turista de primeira viagem a Turquia, achei mais seguro fechar um transfer para o hotel (também marcado com a agência de viagens, claro, vai confiar em site em turco?), daí quando saímos para o saguão vimos que tinha muuuuuuuuuuuita gente com a mesma ideia. Uma quantidade enorme de pessoas com plaquinhas com diversos nomes estava no saguão, aguardando os turistas. Depois de dar umas 3 voltas descobrimos quem era o nosso motorista. Na verdade era uma dupla, um cara que falava um espanhol muito tosco e que não sabia nada de nada que perguntávamos e outro que falava um português lindo, mas que não era responsável direto pelo nosso transfer (fiquei tão triste...). Daí descobrimos que tinha mais gente no nosso transfer, tipo, mais uns 10 brasileiros (e só tinha o cara do espanhol tosco para falar com a gente). Como tem brasileiro visitando a Turquia! Uma loucura! Mas aproveitamos para fazer um primeiro contato com um casal muito simpático de São Paulo. E como a galera demorou para aparacer, confesso que me arrependi de não ter passado um tempo no freeshop.

Saindo do aeroporto descobri que 1) o dia estava lindo e super ensolarado e que isso iria durar até quase 21h porque era verão, 2) Istambul é uma cidade enorme e linda, cheia de canteiros e onde tem canteiros tem flores e onde tem flores os turcos gostam de desenhar com elas fazendo lindos padrões, 3) turco é mesmo muito difícil, não dava para entender nenhuma placa ou anúncio, 4) o trânsito lembra o do Rio de Janeiro, com motoristas mal educados, 5) o turismo na Turquia funciona da mesma forma que no Egito, as coisas não são fechadas com antecedência, o tal turco que falava espanhol tosco nos entregou uma lista com todos os nossos pacotes de turismo fechados nos dias certinhos, mas não tinha horário de nada, só depois de muito conversar com ele conseguimos o horário de saída da excursão de 6 dias que sairia dali a dois dias, e mais nada. Virginiana como sou confesso que fiquei em pânico com isso. Mas enfim, tá na chuva é pra se molhar, né?

O nosso hotel ficava num bairro conhecido como Taksim, que seria equivalente ao Centro do Rio, e ficava na parte nova da cidade (o que significa que ela tem só uns 500 anos de idade), e numa parte específica do bairro em que as ruas só passam um carro de cada vez e são cobertas de paralelepípedos (muito melhores do que qualquer um que já vi no Brasil, diga-se de passagem), isso quando a rua não é de pedestres! Além disso, essa região é lotadíssima de hotéis, tipo um do lado do outro mesmo, e onde não é hotel é loja de souvenir e/ou mini-mercearia, ou restaurante ou casa de câmbio. Adorei :-)

Chegando no hotel descobrimos algumas outras coisas: as lojas abrem cedo (algumas antes mesmo das 7h) e tudo fecha tarde (23h as lojas, alguns restaurante ficam até mais tarde, mesmo durante a semana), com exceção das casas de câmbio (o que era problemático, pois precisávamos trocar dinheiro para lira turca, e mesmo o recepcionista do hotel disse que a taxa das casas era muito melhor do que a deles). Nosso hotel (Eresin Taksin para quem quiser pesquisar) era muito bom, o quarto tinha até banheira (que depois descobri ser obrigatório para qualquer hotel, imagino que seja para agradar os europeus, que sempre foram a maioria dos turistas), o ar condicionado funcionava, apesar de ser muito barulhento e o termostato ser esquisito, contrariando o que o meu guia de viagens dizia (segundo o guia a maioria dos hotéis de Istambul nem tinha ar condicionado). Nesse dia em especial o hotel estava com problemas elétricos (a luz caiu umas 3 vezes no pequeno período em que ficamos no hotel antes de sair), mas isso não se repetiu mais nenhuma vez ao longo da nossa estadia, então considero que o problema foi realmente pontual e rapidamente resolvido. Tinha internet wi-fi de graça no saguão (no quarto precisava pagar) e depois descobrimos que o café da manhã era muito bom também. Recomendo o hotel :-)

Ainda descobrimos que o primeiro casal simpático que conhecemos no aeroporto iria ficar no mesmo hotel que a gente, só que no dia seguinte eles tinham fechado uma excursão pelo Bósforo, o que só faríamos dali a uma semana.

Bom, depois de todo esse processo de reconhecimento do hotel resolvemos passear pelo bairro, e com o nosso mapa na mão (o mapa do guia de viagem da Folha era melhor do que o fornecido pelo hotel, então arrancamos do livro mesmo e saímos com ele) fomos dar uma volta na noite de Istambul (até a sairmos do hotel já havia anoitecido, com toda enrolação dos passaportes, esperar a galera na saída do aeroporto e o transfer passar por todos os hotéis já tinha anoitecido, isto é, já passava das 21h). De noite descobrimos que o "Centro de Istambul" é cheio de gente, tanto de turistas quanto de turcos mesmo, e como estávamos no Ramadã e no verão, os turcos aproveitavam a noite de quinta-feira para sair para os bares e cafés.

Passamos por dentro de um parque, bem tranquilo e cheio de gente levando em consideração que já estava escuro e sentamos no café que tinha por ali, de onde avistávamos uma coluna no meio da rua com cara de ser muito antiga (apesar de não estar no nosso mapa como ponto turístico), mas descobrimos que o tal café era café demais e restaurante de menos para a nossa fome.

Daí atravessamos a rua com a tal ruína e fomos no Faros (depois descobri que esse restaurante é uma espécie de cadeia, tem em tudo quanto é canto, mas cada um é especializado numa coisa diferente, mais no final da viagem fomos num Faros Kebab para vocês terem ideia). Depois de xeretar todo o cardápio (em inglês e em turco) decidimos pedir um prato principal para dividir (apesar deles serem individuais) e complementar com uma entrada de bruschetta com funghi. Para beber o Caike resolveu experimentar a cerveja turca (a marca era Efes, tem em tudo quanto é canto) e eu resolvi cair de cara na bebida nacional turca, o ayran, que é uma mistura de iogurte com sal, mas como o restaurante fazia o tipo chique tinha opção de ser com menta (que coisa maravilhosa! O Caike não gostou porque era salgado, e segundo ele bebida não pode ser salgada). Por conta da casa nos serviram uma cesta de pães (todos ótimos e macios) e uma mistura de azeite com ervas e azeitonas deliciosa (depois viemos a descobrir que a Turquia é uma grande produtora de azeite e, obviamente, azeitonas). Depois veio nossa entrada, extremamente bem servida, e depois o nosso prato principal, que era um "mix grill", um prato bastante comum, que tem carne de frango, de boi mesmo (em forma de kofte geralmente, que é uma espécie de almôndega temperada divina) e de cordeiro (no caso era costela... ai como eles fazem bem costela de cordeiro!).

Olha as fotos para comprovar o que estou dizendo :-)

A cesta de pães com o azeite e as nossas bebidas :-)

Não disse que a bruschetta era bem servida?

Nosso mix-grill, já meio comido (por pouco não tinha mais kofte para mostrar), com as carnes, salada de batata, salada de trigo e espinafre temperado.


Depois, bem destruídos por conta do fuso-horário (eram 6 horas de diferença por conta do horário de verão), voltamos ao hotel. Mas no caminho vimos que bem pertinho dele, mas indo na outra direção, havia uma loja com o letreiro escrito em grego e com uma vitrine especialmente colorida. Óbvio que resolvemos ver de mais perto, e depois de nos desvincilharmos de um cara que nos queria levar para um restaurante (tem muito disso em Istambul, pessoas que tentam levar os turistas para determinados estabelecimentos - especialmente restaurantes e lojas - para ganhar uma comissão) entramos na loja. Que cheiro!!! Era uma loja de especiarias! Balcões lotados de coisas coloridas em pó ou aos pedaços, caixas multicoloridas de chás e delícias turcas (doce nacional turco que vende em qualquer lugar e nas mais variadas formas e cores que você puder imaginar) e de cheiro sufocante! A loja era um paraíso dos sentidos! Descobrimos que os turcos adoram chá instantâneo (de todos os sabores e cores imagináveis e tudo já adoçado com muito açúcar), tinha um setor inteiro só deles para vender a peso (fora as caixas coloridas industrializadas!), e tinha especiarias, e doces de todos os tipos (além das delícias turcas tinha um balcão só de doces), além de conjuntos de copos de chá e conjuntos para fazer café. Apesar do olho grande, conseguimos nos segurar e não comprar nada, pois afinal era o nosso primeiro dia de viagem e queríamos deixar a compra de perecíveis para o final da viagem, é claro!

Depois dessa orgia visual e olfativa (fico devendo a foto... pois não pensei nem em tirar) fomos para o hotel dormir direto, o que foi meio complicado na primeira noite porque o tal ar-condicionado com termostato bizarro ficou a noite inteira ligando e desligando, apesar de termos colocado ele bem fraquinho. Lição aprendida, porque aparentemente todos os ares condicionados da Turquia são assim, independentemente da temperatura que você escolha!


Nosso primeiro jantar na Turquia! Destruídos pelas 12 horas de voo, mais 6 horas de espera no aeroporto de São Paulo e pelo fuso horário.

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