domingo, 4 de setembro de 2011

Hossan Ramzy - entrevista na RaqsART

Por Yuki RaqsART

tradução de Lalitha

Artigo original aqui.




1. O que você diria sobre aprender os ritmos como bailarina? E como um músico/derbakista?


Isso é exatamente o que eu ensino na nossa Drumzy School of Music & Dance no Reino Unido e ao redor do mundo. Esse assunto é muito importante para mim, e eu sinto que é esse o motivo da nossa adorada dança estar estagnada e dos artistas do nosso meio estejam precisando se utilizar de toda forma de desvios que resultam no desrespeito pela bailarina e pela própria dança. Os exemplos são muitos e eu não preciso explicá-los aqui.

De qualquer forma, a resposta é: como bailarina, você começa por escutar e identificar os ritmos da música. A bailarina deveria ser ensinada a bater os ritmos num formato simples no derbake, sem tecnicalidades, o que vai ajudá-la a identificar esses ritmos.

Quando você começa a aprender Flamenco ou o Kathak indiano, se espera que você aprenda direitinho os ritmos e entenda todas as sílabas rítmicas antes mesmo de você começar a aprender os movimentos. Mas isso é porque os professores e instrutores sabem o que eles estão ensinando e têm experiência nas suas artes.

De qualquer forma, eu sei que esse não é o caso da dança do ventre, e isso é o que eu e a Serena  estamos querendo ensinar às bailarinas indo ao seu país (Japão).


2. Você recomendaria aprender uma série de diferentes ritmos (e em qual ordem)?

Eu desenvolvi uma série de ritmos relacionados que vêem de uma só raiz e partem para os galhos de cada ritmo, eu os chamo de "As Árvores dos Ritmos".

3. Qual é o melhor caminho para aprender os ritmos específicos da dança do ventre?

Aprendendo os ritmos da Dança do Ventre. Eu criei um cd duplo para tratar justamente desse assunto chamado "Rhythms of The Nile" EUCD 1427, disponível no meu site www.hossanramzy.com .

Nesse álbum, eu falo e explico sobre os instrumentos e ritmos, e a segunda parte do álbum é dedicada a ensinar como tocar os instrumentos também. Tem uma transcrição de tudo o que eu digo no álbum em 4 línguas.

4. Qual é o erro mais comum que as bailarinas cometem quando dançam solos de derbake?

O erro mais comum é "não repetir os seus movimentos 4 vezes" toda vez que você introduz um passo novo.

5. Com o que uma bailarina precisa tomar cuidado ao tentar encaixar o seu ritmo com o da dança do ventre?

Elas precisam prestar muita atenção ao tempo do ritmo, e assegurar que elas não traduzam o ritmo de forma forte demais, nem fraca demais.

6. O que você espera de uma bailarina quando você toca derbake?

Isso está explicado detalhadamente no meu artigo "Drumming 4 dancers". (Percussão para bailarinas)







7. Que sinais são utilizados entre os músicos e as bailarinas quando se quer uma mudança no tempo ou no ritmo?

NUNCA deve haver uma mudança no tempo. A não ser que seja desenhada, entendida, ensaiada e treinada entre a bailarina e a orquestra e entre a bailarina e o derbakista.

Parece correr por aí essa falsa informação, perpetuada por instrutores desinformados que estão prejudicando essa arte, dizendo que existem sinais para mostrar ao seu derbakista ou músico para mudar de tempo ou de ritmo.

Isso é falso, não é verdade e não deve ser usado em performances de dança.

Se você assistir um Ballet você nunca vai ver isso entre a bailarina e a orquestra.
Se você assistir um Flamenco Tablao... você nunca vai ver isso entre a bailarina e a banda.
O mesmo vai acontecer se você assistir uma performance do Kathak Indiano.

O que faz as pessoas acharem que isso existe na Dança Egípcia?

Você já assistiu Nagua Fouad, Mona El Said, Souheir Zaki, Namima Akef, Zeinat Oloui ou qualquer outra das Grandes Estrelas da Dança Egípcia ao vivo com suas bandas? Você nunca vai ver nada assim acontecer.

Então, imagino que a resposta para a sua pergunta é... NÃO, não existe nenhum sinal.

8. É possível que um grupo dance um solo de percussão improvisado e acerte os acentos?

Para dançar um solo de percussão improvisado é preciso seguir as regras que eu dou no meu artigo "Drumming 4 dancers".

Mas para fazer isso em grupo, você vai abrir espaço para muitos mal entendidos. Tais solos de percussão podem ser organizados para um grupo, mas uma coreografia deve ser aprendida e ensaiada entre todos, senão vai parecer uma bagunça.

9. Quando você está trabalhando em conjunto com uma bailarina de dança do ventre numa performance, o que você espera da bailarina e da apresentação musical?

Eu asseguro que tanto a bailarina quanto os músicos entenderam o meu artigo "Drumming 4 dancers".

E que a bailarina saiba traduzir a música de acordo com o artigo. Então discutimos o conteúdo emotivo da música, como ela será apresentada e porquê... depois começamos a ensaiar, fazendo tentativas, cometendo erros, corrigindo, concordando, discordando e trabalhando na visão do que queremos mostrar.

Quando tudo acima está acordado, então ensaiamos e praticamos o que foi combinado e aperfeiçoamos a cada vez que fazemos a apresentação.

Para nós, uma apresentação de Dança do Ventre é tão sagrada quanto a apresentação de uma Orquestra Sinfônica.

Nós pegamos pesado com todo o mundo.







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